16% dos trabalhadores do turismo são estrangeiros, mas quase 40% das empresas do sector não têm medidas de apoio à sua integração

Quase 40% das empresas do sector do turismo em Portugal não implementam medidas “formais” de apoio à integração de trabalhadores imigrantes. As conclusões são de um estudo do Observatório do Talento Migratório do Turismo da Porto Business School (PBS).

 

Em comunicado, a PBS salienta a «necessidade de maior transparência e estruturação nos programas de apoio à integração de trabalhadores migrantes no sector do turismo em Portugal».

O estudo revela que «38,5% das empresas do sector não implementam medidas formais de apoio à integração de migrantes, como programas de acolhimento e orientação, embora 21,6% ofereçam algum suporte, como orientação e acolhimento, e 8,9% promovam apoio linguístico e formação».

O Observatório Talento Migratório do Turismo da PBS conclui que existe a «necessidade de melhorar a sensibilização para a diversidade e desenvolver programas de inclusão da força de trabalho migrante, incluindo formação linguística, qualificação profissional, bem como apoio administrativo».

A entidade destaca «a regularização da residência, autorizações de trabalho, Segurança Social e seguro de saúde, ou o suporte na obtenção de alojamento digno», bem como «o apoio à integração das famílias dos migrantes, com acesso a serviços de educação e saúde».

O estudo conclui ainda que «21,7% das organizações a operar no sector do turismo não identificam desafios de elevada dimensão ou não estão cientes das dificuldades associadas à integração dos migrantes, o que sugere uma percepção e gestão empresarial de menor complexidade».

No entanto, realça que 25,5% das organizações «destacam o recrutamento e retenção de talentos multiculturais como o maior desafio, seguido da adequação de qualificações (20,3%) e questões legais e regulatórias (9,4%)».

No que diz respeito ao nível salarial, a percepção geral é de «equidade salarial entre migrantes e trabalhadores portugueses em funções similares, com a maioria dos respondentes (81,9%) a acreditar que ambos os grupos auferem o mesmo rendimento», mas, lê-se na mesma nota, que «21% dos respondentes admitem desconhecer as políticas de compensação, o que sugere uma alegada falta de transparência remuneratória em algumas organizações».

Segundo a directora do Tourism Futures Centre da Porto Business School, Rita Marques, o Observatório do Talento Migratório do Turismo mostra que «há muito espaço para dinamizar programas estruturados de apoio aos migrantes que incluam, não só componentes formativas, mas, também, componentes associadas à integração social e familiar dos migrantes, ou alojamento e condições de vida».

«Sem os migrantes, verificar-se-ia uma implosão de alguns sectores da nossa economia, em particular no turismo. O sector tem de cuidar, não só dos turistas, mas da sua força de trabalho: 16% dos trabalhadores do turismo são estrangeiros, mas perto de 40% das organizações no sector do turismo não têm implementado quaisquer medidas formais de apoio à integração destes trabalhadores», sublinha.

O Observatório do Talento Migratório do Turismo é uma iniciativa do Tourism Future Centre da PBS e abrangeu a auscultação de 532 profissionais do sector do turismo, em particular quanto às dinâmicas migratórias e a integração de trabalhadores estrangeiros nas organizações que operam no sector do turismo.

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