Em Portugal, é nas grandes empresas que estão as maiores desigualdades de género em cargos de gestão e de liderança
A participação feminina em cargos de gestão nas empresas poderá ser acelerada com a instauração de quotas relativas ao género, como foi o caso das empresas cotadas e do sector empresarial público, onde a presença feminina em cargos de decisão é superior ao restante tecido empresarial.
Este foi um dos factos assinalados por Teresa Cardoso de Menezes, directora-geral da Informa D&B, na 12.ª Grande Conferência da Liderança Feminina, organizada pela Executiva, onde apresentou a 14.ª edição do estudo da Informa D&B ‘Presença Feminina nas Empresas em Portugal’.
Nas empresas cotadas e do sector público, que estão legalmente sujeitas a um regime da representação equilibrada entre mulheres e homens nos órgãos de administração e de fiscalização, a evolução na direcção da paridade foi mais rápida nos últimos anos.
Nas empresas cotadas, a presença feminina em cargos de decisão é actualmente de 35%, de acordo com o European Institute for Gender Equality, um valor superior ao restante tecido empresarial. A partir de 2018, quando entrou em vigor o regime de representação equilibrada para as cotadas e públicas a percentagem de mulheres com assento nos conselhos de administração das empresas cotadas deu um salto significativo, sendo em 2024 ligeiramente superior à média europeia, que é de 34%.
Espanha, no entanto, já ultrapassou esta percentagem, registando hoje uma percentagem de 41% de mulheres na administração das cotadas. Em Espanha, a lei sobre paridade é anterior, datando de 2007.
Nas empresas do sector público, 83% das equipas de gestão são mistas relativamente ao género, o que representa uma evolução de 12 pontos percentuais desde 2017. Pelo contrário, no sector privado, apenas metade das equipas de gestão incluem mulheres, um recuo de 5 pp desde 2017.
Em relação à presença feminina em cargos de gestão e liderança na globalidade do tecido empresarial, este estudo da Informa D&B mostra que a evolução é praticamente nula desde 2017.
Na generalidade do tecido empresarial, 42% dos empregados das empresas são do género feminino. Mas apenas 30% dos cargos de gestão e 27% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Além disso, apenas 17% das funções de direcção-geral são exercidas por mulheres e 16% de mulheres presidem nos conselhos de administração. Grandes empresas são as que têm maior desigualdade de género em cargos de gestão e de liderança.
As grandes empresas são aquelas onde há menor percentagem de mulheres quer em cargos de gestão, quer de liderança, e onde a disparidade de género é mais acentuada com a evolução na hierarquia. Nestas empresas, que têm a maior percentagem de trabalhadores femininos, a presença de mulheres em cargos de gestão é de apenas 20%. Esta presença cresce à medida que diminui a dimensão das empresas, com 25% nas PME e 33% nas microempresas.
No entanto, as empresas lideradas por mulheres mostram–se mais inclusivas, dado que 78% destas empresas têm equipas de gestão são mistas, sendo apenas 22% exclusivamente femininas. Entre as empresas lideradas por homens, apenas 48% têm equipas de gestão mistas e em 52% dos casos são constituídas exclusivamente por homens.
Nas empresas, existe uma grande disparidade entre a preparação académica das mulheres e a sua representatividade em órgãos de gestão e liderança. No entanto, as mulheres representam metade da população activa em Portugal e registam um nível de escolaridade superior ao dos homens, entre a população activa com ensino superior, 59% são mulheres e entre a população activa sem escolaridade apenas 38% são mulheres. Em profissões como médicos (57%), magistrados (64%) ou advogados (56%), a percentagem de mulheres é superior à dos homens.