Empregadores acreditam que manter o talento na empresa é mais desafiante do que atraí-lo. E revelam as suas prioridades

No Barómetro RH 2024, realizado pelo Kaizen Institute em parceria com a Hays Portugal, 67% dos empregadores identificam novamente a retenção de talento como um dos maiores desafios no atual mercado de trabalho, enquanto 57% destacam a atracção de profissionais qualificados como outra questão crucial.

 

Neste contexto, 59% dos inquiridos afirmam que a retenção de talento, com foco na promoção da mobilidade interna, e a procura de talento externo são as áreas que exigirão maior investimento por parte das equipas de recursos humanos no próximo ano. Além disso, 41% dos inquiridos consideram a capacitação de colaboradores em novas tecnologias, como IA e Analytics, uma estratégia-chave. Estes dados sugerem que o mercado de trabalho está a atravessar uma transformação profunda.

Para enfrentar estes desafios, as empresas têm adoptado várias medidas para atrair novos talentos. Entre elas, 50% dos inquiridos destacam o recrutamento interno e as promoções entre diferentes áreas e funções, sem esquecer a implementação de programas de estágio ou trainees. Pacotes salariais e benefícios competitivos, mencionados por 43% dos participantes, continuam a desempenhar um papel fundamental neste esforço.

Ao priorizar estas medidas, as organizações estão a criar oportunidades de crescimento interno e a apostar em novos talentos, enquanto os pacotes salariais e benefícios competitivos continuam a ser fundamentais. Por outro lado, no que se refere à retenção de talento e às principais iniciativas adotadas pelas empresas para atingir esse objectivo, 70% dos inquiridos destacam que garantir um ambiente de trabalho positivo e inclusivo é, sem dúvida, a maior prioridade

O estudo mostra que ao investir no desenvolvimento contínuo dos colaboradores, as organizações não só aumentam a produtividade e a satisfação dos colaboradores, como também reduzem o risco de lacunas de competências, especialmente face às mudanças no mercado ou à introdução de novas tecnologias. Para responder a esta necessidade, 56% dos empregadores revelam apostar em programas de onboarding personalizados para cada colaborador, enquanto 46% optam por atribuir um mentor para acompanhamento durante o período inicial. Em relação à requalificação (re-skilling) e formação contínua, metade dos inquiridos afirma recorrer à formação externa, enquanto 61% indica possuir um plano interno de desenvolvimento contínuo.

Embora a implementação de políticas de ESG seja cada vez mais reconhecida como um factor de criação de valor crucial para a estratégia corporativa, 36% das empresas ainda se encontram num estágio básico de maturidade em termos de práticas de sustentabilidade e ESG. Além disso, 8% dos inquiridos indicam possuir apenas algumas iniciativas de ESG e um relatório de sustentabilidade, mas sem uma plena integração dessas práticas na estratégia global da empresa. Estes dados revelam que a maioria das organizações ainda está nos estágios iniciais da implementação de práticas sustentáveis, focando-se no cumprimento de requisitos mínimos ou em iniciativas pontuais, sem uma incorporação completa na estratégia corporativa. Apenas uma minoria tem práticas consolidadas e relatórios de sustentabilidade bem estruturados.

Ainda no campo do ESG, a área de Recursos Humanos deve ser uma parceira chave na promoção de uma cultura organizacional que valorize e implemente práticas ESG de forma estratégica e abrangente. Os dados revelam que o papel do departamento de RH na implementação de práticas de sustentabilidade varia significativamente entre organizações. Enquanto 46% das empresas já integram o RH de forma robusta no desenho e implementação da estratégia de ESG, outras ainda têm uma abordagem mais limitada, focando a participação de RH em iniciativas pontuais, como políticas de diversidade. Outras empresas, não envolvem sequer esta área no processo.

Tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, estão a transformar o panorama dos Recursos Humanos, mas trazem também novos desafios, como a incerteza entre os colaboradores e a necessidade de equilibrar eficiência com uma produtividade sustentável. Neste contexto, 51% dos inquiridos indicam que as restrições orçamentais e os custos de implementação são uma das principais barreiras na implementação de processos de transformação digital, enquanto 34% menciona a resistência natural à mudança.

A integração entre humanos e tecnologia está a impulsionar a otimização das operações e a melhorar a experiência dos colaboradores. Este equilíbrio é crucial para enfrentar os desafios do mercado de trabalho actual, onde as inovações tecnológicas estão a moldar o futuro da gestão de pessoas. Entre as tendências mais impactantes, destacam-se as tarefas assistidas por IA e automação para 70% dos inquiridos e o uso de Machine Learning e algoritmos (de acordo com 34%) para prever, analisar e melhorar os dados, permitindo uma tomada de decisões mais informada e personalizada, que contribui para aumentar a produtividade e a performance dos colaboradores.

Os inquiridos também opinaram relativamente aos aumentos salariais, 57% dos inquiridos afirma que irão proceder a aumentos entre os 2,5% e 5%. Apenas 7% afirma que terá aumentos de 5% ou superiores.

O Barómetro RH 2024, iniciativa promovida pelo Kaizen Institute em parceria com Hays Portugal, inquiriu cerca de 150 directores de Recursos Humanos de grandes e médias empresas nacionais, com o objectivo de avaliar a resposta das organizações às principais tendências e desafios actualmente verificados na Gestão das Pessoas, bem como o grau de motivação e produtividade dos colaboradores.

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