Empresas admitem ir fazer aumentos salariais “mais controlados”. E explicam porquê

A WTW, empresa de consultoria, corretagem e soluções, apresenta as principais conclusões do seu estudo de remunerações e benefícios dedicado ao mercado geral.

 

Desde a pandemia, a economia portuguesa tem beneficiado de uma combinação de factores, incluindo o consumo privado, a recuperação do turismo, a descida da inflação e a redução do desemprego.

No entanto existem desafios estruturais como a baixa produtividade, o envelhecimento populacional e o investimento moderado. Perante esses desafios, as empresas optam por medidas mais controladas nos aumentos salariais, procurando garantir a sustentabilidade a longo prazo e a capacidade de continuar a investir em áreas essenciais para o crescimento e a inovação.

Os resultados preliminares do estudo Salary Budget Planning Report da WTW mostram que os empregadores estão a planear um aumento de 3,8% em 2025, ligeiramente acima das últimas projecções em Julho deste ano. À data, o cenário actual indica que a inflação de 2025 a descer aos 1,7%, este aumento salarial traduzir-se-á num aumento real de 2,1%, superior em 1% ao que havia sido projectado em Julho.

Segundo a consultora, o salário continua a ser a prioridade para atrair e reter colaboradores e a sua importância ganhou maior ênfase nos últimos dois anos, motivado pelo ambiente inflacionário, imediatamente seguido da segurança do emprego. E, se por um lado a flexibilidade do trabalho é o terceiro elemento que mais atrai os colaboradores às empresas, o que os faz ter vontade de ficar são as relações interpessoais.

No estudo do mercado geral, observa-se que 46% dos colaboradores portugueses se encontram na carreira profissional, ou seja, desempenham funções que requerem o domínio de um campo de especialização normalmente relacionado com qualificação profissional e/ou formação académica, tendo sido nesta carreira que as empresas mais profissionais contrataram em 2024.

Também foram nessas funções que os salários mais cresceram para aqueles que foram promovidos. Se a mediana dos aumentos salariais em 2024 é de 3,6%, a percentagem para os colaboradores promovidos alcançou em média os 6% em funções de produção, 7% em funções de suporte técnico e administrativo ao negócio, profissionais e gestores. Os executivos promovidos nas suas funções foram os que receberam percentagens de aumento salarial inferiores, na ordem dos 4%.

«As empresas reconhecem a importância de valorizar os seus colaboradores, especialmente aqueles que demonstram desempenho excepcional e são promovidos a posições de maior responsabilidade», refere Sandra Bento, Associate director da WTW.

«Essa valorização reflecte-se em aumentos salariais mais significativos. Ao oferecer aumentos salariais maiores, as empresas reforçam a mensagem de que o desempenho e a dedicação são recompensados. E como o talento é essencial para o sucesso de qualquer organização, aumentos salariais superiores ajudam a reter esses talentos, reduzindo a rotatividade e a garantir que a empresa mantém uma equipa experiente e motivada», realça.

Na secção de benefícios, o estudo mostra a prática de 84% das empresas a atribuir cuidados de saúde através de planos privados, 81% benefícios de bem-estar, 72% benefícios de risco e apenas 36% benefícios de reforma.

Se, em 2017, 28% dos colaboradores diziam que o seu pacote de benefícios foi a razão pela qual tomaram a decisão de trabalhar para a empresa, em 2024 esse número alcança 42% das empresas. Numa perspectiva de retenção, 48% referem que o seu pacote de benefícios é uma razão importante pela qual permanecem no seu empregador actual.

O estudo de remunerações e benefícios do mercado geral é da responsabilidade das áreas de Rewards Data Intelligence e Health and Benefits, a área de investigação e pesquisa de mercado da WTW, responsável pelos surveys que permitem caracterizar o mercado português no que toca às suas práticas salariais e de benefícios, combinando os inputs do mercado com tecnologia e conhecimento dos sectores de actividade.

A primeira versão do estudo já publicada, contou com a participação aproximada de 350 empresas com dados de 57 mil colaboradores, o que permitiu conhecer as práticas de mercado de 387 especialidades em 49 famílias de funções. A nível mundial, a investigação teve a participação de mais de 12 mil organizações e dados individuais de 32 milhões de colaboradores.

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