Tendências para a Gestão de Pessoas em 2025: Cegoc sublinha o factor-chave cultural organizacional

Gonçalo de Salis Amaral, head of People & Culture Consulting da Cegoc, identificou três tendências que vão marcar o mundo do trabalho e da Gestão de Pessoas em 2025.

 

RH 2025: Arquitectos da Transformação Organizacional

A Gestão de Pessoas atravessa um dos momentos mais desafiantes e empolgantes da sua história recente. O ano de 2025 será marcado por uma verdadeira viragem no papel dos Recursos Humanos nas organizações face ao imperativo estratégico de transformação, onde a tecnologia, a cultura organizacional e o desenvolvimento de liderança convergem para criar um paradigma de trabalho.

As principais tendências que emergem não são apenas incrementais, mas verdadeiramente transformacionais. A primeira grande mudança reside no desenvolvimento de liderança. Já não basta ter gestores tecnicamente competentes; precisamos de verdadeiros líderes, capazes de navegar numa realidade empresarial cada vez mais complexa e imprevisível. Quando, de acordo com os dados de researchers globais, 70% dos actuais líderes não estão preparados para desenvolver os talentos intermédios, esta constatação não é um mero número estatístico, mas um diagnóstico que exige uma abordagem radicalmente diferente da formação e desenvolvimento. Já não bastam sessões expositivas ou seminários tradicionais. Precisamos de experiências de aprendizagem verdadeiramente transformacionais, baseadas em conexões entre pares, momentos de aplicação prática e reflexão conjunta.

A cultura organizacional será o campo de batalha estratégico dos próximos tempos. Num mundo onde 97% dos Chief HR Officers manifestam a intenção de modificar aspectos culturais das suas organizações, a chave estará em tornar esses valores tangíveis e vivenciáveis no quotidiano. Não se trata apenas de definir princípios, mas de os transformar em comportamentos concretos, processos e decisões diárias.

A Inteligência Artificial emerge simultaneamente como desafio e oportunidade. Um dado impressionante: apenas 47% dos colaboradores que utilizam ferramentas de IA compreendem como alcançar ganhos de produtividade. As equipas de Recursos Humanos terão de ser mediadoras cruciais nesta transição tecnológica, garantindo, não só a adopção, mas principalmente a compreensão e capacitação dos colaboradores.

O planeamento estratégico da força de trabalho deixará de ser um exercício burocrático de contagem de cabeças para se transformar numa análise dinâmica de capacidades. Com apenas 15% das organizações a praticarem verdadeiro planeamento estratégico, existe um imenso potencial de evolução.

A gestão da mudança tornar-se-á uma competência crítica. Num contexto onde 73% dos colaboradores apresentam fadiga de mudança, as organizações que souberem gerir esta dimensão emocional terão uma vantagem competitiva significativa.

Os desafios são monumentais: prevê-se que 23% dos trabalhos globais sofram transformações nos próximos anos, e estima-se que 85 milhões de vagas possam ficar por preencher até 2030. Estes números não são apenas estatísticos, são um manifesto da urgência de transformação.

Para os profissionais de Recursos Humanos, 2025 será o ano de demonstrar valor estratégico. Definitivamente, não somos mais o departamento administrativo, mas verdadeiros parceiros de negócio capazes de antecipar, preparar e transformar as organizações.

A chave será a capacidade de integrar tecnologia, desenvolvimento humano e cultura organizacional numa abordagem verdadeiramente holística. Seremos tradutores de mudança, construtores de experiências e designers do futuro do trabalho.

O futuro já não se antecipa, constrói-se. E os profissionais de Recursos Humanos têm hoje o papel central nessa construção.

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