Mais de metade dos jovens portugueses considera mudar de emprego este ano. E identificam um problema nas empresas
O mais recente estudo internacional da consultora de recursos humanos Gi Group Holding, revela que 45% dos jovens portugueses com formação superior e experiência profissional considera mudar de emprego este ano.
Este dado, proveniente do relatório “The Human Factor: People and Companies in the New Global Dynamics of Work”, sublinha a crescente reavaliação das prioridades no mercado laboral, impulsionada por novos valores como o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, oportunidades de crescimento e preferência por soluções de trabalho híbridas.
O estudo, conduzido pela IPSOS para a Gi Group Holding abrangeu 12 países, incluindo Portugal. A pesquisa focou-se em profissionais com idades entre os 24 e os 40 anos, todos com formação académica e experiência no mercado de trabalho. Em Portugal, os resultados mostram uma tendência crescente de mobilidade no mercado de trabalho, impulsionada pelo descontentamento com a falta de progressão de carreira e oportunidades de formação, bem como pela procura por condições de trabalho que privilegiem o bem-estar.
Entre os factores que mais influenciam os trabalhadores portugueses, destaca-se a preferência por um equilíbrio sólido entre a vida profissional e pessoal, considerado essencial por mais de 70% dos entrevistados. Além disso, a formação contínua surge como prioridade para 71% dos trabalhadores em Portugal, que valorizam a possibilidade de adquirir novas competências e crescer profissionalmente. As soluções de trabalho híbridas também se destacam, sendo uma opção apreciada por 68% dos participantes, demonstrando uma mudança clara nas expectativas dos trabalhadores em relação à flexibilidade laboral.
No entanto, o estudo também aponta desafios importantes. Apesar do foco crescente no bem-estar e na inclusão, Portugal ainda enfrenta barreiras na igualdade de género no mercado de trabalho. A taxa de emprego feminina é de 66%, enquanto a masculina é de 76%, reflectindo uma diferença de 10 pontos percentuais.
Além disso, muitos trabalhadores percebem que as empresas ainda não oferecem oportunidades suficientemente atractivas para reter talento jovem, como pacotes salariais competitivos e programas robustos de bem-estar organizacional.
A nível global, o estudo revelou tendências semelhantes, com trabalhadores de países como Alemanha, Brasil, China e Índia também a destacarem a importância de valores como sustentabilidade corporativa, inclusão e programas de formação contínua. A comparação entre os países mostrou que Portugal lidera no que diz respeito à valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, mas ainda apresenta espaço para evoluir em áreas como transparência salarial e igualdade de oportunidades.
Quando questionados sobre o método de procura de emprego, 56% dos entrevistados utilizam o envio de CVs em resposta a anúncios de emprego, sendo este um dos métodos mais comuns para procurar trabalho. Além disso, 39% dos portugueses utilizam o LinkedIn para procurar emprego, colocando-o como a quarta opção mais popular.
Entre os canais mais eficazes para encontrar emprego, o “word of mouth” destaca-se em Portugal, com uma taxa de conversão de 42%, uma das mais altas na Europa. Este método é especialmente eficaz em todos os países europeus analisados, refletindo o papel importante das redes pessoais de contatos, como amigos e familiares, no apoio à procura de trabalho.