Meeting Point: O futuro do trabalho

“O Futuro do Trabalho” foi o tema proposto para reflexão no âmbito da rubrica “Meeting Point”. Estudos indicam que daqui a 10 anos a força de trabalho necessária irá reduzir drasticamente. Como adaptar pessoas e organizações, competências e formas de trabalho, às novas tecnologias e que impacto isso pode ter na estrutura das equipas?

 

A IA libertará recursos para produzir trabalho com significado

Por Luísa Fernandes, directora de Recursos Humanos da Primavera BSS

Este foi um tema lançado como alerta na Web Summit, que ocorreu recentemente em Lisboa. Fruto dos avanços da tecnologia e da inteligência artificial (IA), muitos postos de trabalhos irão desaparecer. Há necessidade de repensar os modelos económicos/ sociais e perceber qual o papel que cada instituição/ governo deverá assumir nesse contexto. Se por um lado o advento da IA continuará a substituir os trabalhadores em tarefas rotineiras e de reduzido valor acrescentado, estamos ainda longe de um modelo de IA generalizada. Estima-se que, por exemplo, demoremos ainda cinquenta anos a dominar generalizadamente a linguagem nestes modelos.

Teremos que repensar as nossas equipas num contexto em que os colaboradores têm mais tempo para tarefas criativas e em que conseguimos ser mais produtivos com menos recursos. Este cenário coloca-nos questões de impacto económico, havendo já defensores de um novo conceito de Rendimento Básico Universal como resposta à eventual subida generalizada do desemprego, entre outros temas.

Enquanto profissionais de Recursos Humanos devemos focar-nos naquilo que está ao nosso alcance prever e modificar. Conseguimos facilmente antecipar que a IA libertará recursos para produzir trabalho com significado. A vaga de startups a que assistimos é reflexo disso mesmo. Conseguimos fazer cada vez mais com cada vez menos.

Compete-nos responder à questão de fundo acerca do rumo que queremos dar aos nossos negócios, num mundo em que a novidade se espalha instantaneamente através da cloud e em que as pessoas procuram cada vez mais funções com diversidade, autonomia e significado. Esse é o grande desafio dos próximos anos.

Teremos ainda que equacionar o papel da economia de partilha. Todos temos mais recursos disponíveis, a qualquer momento. Acredito que este facto contribuirá para que assumamos mais papéis em simultâneo, por exemplo enquanto empreendedores e trabalhadores de uma companhia tradicional. Tudo isto são mudanças que temos que considerar no futuro próximo.

Sobre “O futuro do trabalho” leia também os artigos “Alavancar as nossas habilidades únicas nas novas capacidades das “máquinas”, de  Inês Pina Pereira, head of People Culture na WeDo Technologies, e A metanóia que precisamos de “instalar”, de Hugo Sousa, Digital Transformation adviser no Ministério da Justiça de Portugal.

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