Liderança empresarial: uma batalha entre exigência e popularidade
Dar ou não dar tolerância de ponto no Carnaval? Ricardo Parreira, CEO da PHC Software fala sobre o difícil equilíbrio que os gestores tem que trabalhar, para serem populares sem serem populistas.
«Porque não dão tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval?» – é a pergunta que alguns amigos me fizeram e à qual respondi com um sorriso: «o Carnaval é quando uma empresa quer».
Por Ricardo Parreira, CEO da PHC
Acredito numa política de dar dias especiais aos colaboradores. Na empresa que lidero, damos a véspera da Natal ou a véspera de Ano Novo e o dia de aniversário. Mas não é possível dar todos os dias. Se o fizéssemos não conseguiríamos cumprir os prazos e expectativas dos clientes; seriamos uma empresa a mais. Quando penso no dia de Carnaval, sei que dar a tolerância de ponto é apetecível e de agrado momentâneo, mas essa escolha é o caminho populista. Por vezes, um gestor tem de tomar a decisão exigente e que mantém a sua empresa no caminho certo.
O exemplo do dia de Carnaval é exemplificativo da batalha diária que os gestores das empresas enfrentam. Tomam pequenas decisões todos os dias e que têm um impacto enorme na produtividade dos seus negócios. O dilema entre popularidade e exigência é constante. Um bom gestor sabe que tem de manter as suas equipas motivadas, mas também sabe que de nada vale ser popular se não for exigente. Esta é a luta que o gestor enfrenta. É a procura do equilíbrio entre manter a competitividade e a satisfação da sua equipa.
A boa gestão passa pelas pessoas – as equipas precisam de sentir que são valorizadas e só assim estão empenhadas. E por acreditar nas pessoas, defendo que as empresas devem ter uma cultura empresarial profissionalizada e que valoriza a felicidade sustentada dos colaboradores. Mas também sei que só há felicidade sustentada se as equipas estiverem no seu melhor desempenho e alcançarem os resultados pretendidos.
Um gestor tem de trabalhar este equilíbrio difícil de ser popular sem ser populista. Tem de ser exigente, ao mesmo tempo que investe no desenvolvimento e capacitação das suas equipas. E, ao longo dos 27 anos de gestão empresarial, a discussão sobre exigência parece-me clara e não se lhe pode atribuir um papel periférico nos debates sobre liderança.
Só é possível dar a véspera de Natal ou a véspera de Ano Novo e o dia de aniversário se continuarmos exigentes nos restantes dias do ano, se produzirmos mais e melhor e se os clientes continuarem satisfeitos. Para isto, uma empresa não pode parar. Num mundo empresarial, cada vez mais competitivo e em plena mudança, as empresas têm de manter o seu ritmo e não podem abrandar. Mas só mantêm o ritmo se forem exigentes.
Quando se tomam decisões de gestão responsáveis, não há popularidade sem exigência.