O que é uma Organização do Futuro?
A rápida transformação em vários domínios exige novas abordagens para as organizações ao nível da Gestão de Pessoas, das suas carreiras e dos seus modelos de organização do trabalho no futuro. Saiba como.
Em resposta à actual revolução digital e às forças demográficas, políticas e sociais, quase 90% dos líderes empresariais e de Recursos Humanos (RH) classificam a construção da organização do futuro como a sua principal prioridade. No estudo Global Human Capital Trends de 2017 – “Rewriting the rules for the digital age”, as organizações são desafiadas a repensar a sua estrutura organizacional, a gestão do talento e as estratégias de RH, para que dessa forma consigam acompanhar o ritmo da revolução digital.
A tecnologia está a avançar a um ritmo sem precedentes e as consequentes inovações transformaram por completo a forma como vivemos, trabalhamos e comunicamos. O mundo do trabalho digital alterou as regras de negócio. As organizações devem mudar a forma como pensam e se comportam para assegurar que conseguem liderar, organizar, motivar, gerir e envolver os talentos e profissionais do século XXI, ou correm o risco de ficar para trás.
Com a participação de mais de 10 mil líderes empresariais e de RH, em 140 países, o estudo “Global Human Capital Trends 2017” da Deloitte é o nosso maior e mais abrangente trabalho de pesquisa sobre os desafios dos profissionais, não só na área dos RH mas também em posições de liderança.
De acordo com o estudo, actualmente na sua quinta edição, os líderes estão a focar-se em novos modelos organizacionais, que privilegiam a natureza colaborativa, em rede, que caracteriza o atual mundo de trabalho. No entanto, muitas vezes a produtividade do negócio não consegue acompanhar os avanços tecnológicos. O estudo mostra que os RH estão com dificuldades em acompanhar esse ritmo, uma vez que apenas 35% destes profissionais classificam as suas capacidades como “boas” ou “excelentes”.
“À medida que a tecnologia transforma os modelos de negócio e a forma como trabalhamos, as empresas devem repensar a sua organização e as práticas de gestão de RH”, refere José Subtil, líder de Human Capital da Deloitte Portugal.
Construir a organização do futuro exige uma abordagem de equipa e centrada no talento
À medida que a força de trabalho evolui, as organizações têm tendência a estruturar redes de equipas. Recrutar e desenvolver as pessoas certas nunca teve tanto impacto. Os inquiridos apontam a captação de talento como um dos principais desafios que as empresas enfrentam, com 81% das organizações a consideram-na como “muito importante” ou “importante”.
No entanto, e apesar do estudo revelar que as tecnologias cognitivas têm ajudado os líderes empresariais a transportar a captação de talento para o mundo digital, apenas 22% dos inquiridos consideram as suas empresas “excelentes” na criação de uma experiência diferenciadora para os seus profissionais. De facto, a lacuna entre o reconhecimento da importância da captação de talento e a capacidade para responder a essas necessidades aumentou em 14 pontos percentuais no último ano.
É fundamental adoptar uma abordagem integrada quando se trata de criar uma experiência para os colaboradores, devendo essa abordagem estar centrada sobretudo na “carreira e formação”. Esta preocupação subiu para o segundo lugar na lista de prioridades dos líderes empresariais e de RH, com 83% dos entrevistados a classificá-la como “importante” ou “muito importante”. O estudo da Deloitte conclui que à medida que as organizações abandonam e eliminam as hierarquias e sistemas herdados do passado, devem ser capazes de preparar os líderes para o mundo digital, e responder aos diversos desafios dos profissionais.
A liderança continua a ser um driver relevante para a experiência dos colaboradores. A percentagem de empresas com programas experienciais para líderes aumentou quase 20 pontos percentuais, de 47% em 2015 para 64% este ano. A Deloitte acredita que esta se mantém uma necessidade crucial, sobretudo por líderes mais preparados, particularmente numa altura em que o mundo empresarial exige aqueles que revelam maior agilidade e competências digitais.
Capitalizar as tecnologias digitais de RH para criar os profissionais do séc. XXI
Num contexto em que as organizações se estão a tornar cada vez mais digitais, os líderes devem considerar as tecnologias disruptivas em todas as componentes ligadas à gestão do capital humano. De acordo com as conclusões do estudo, 56% das empresas estão a redesenhar os seus programas de RH para integrar ferramentas digitais e móveis, enquanto 33% estão já a utilizar alguma forma de inteligência artificial (IA) para disponibilizar soluções de RH.
“Os líderes empresariais e de RH estão a ser desafiados a criar um ambiente de trabalho digital, e a prepararem a organização do futuro”, sublinha José Subtil. “Os RH devem assumir um papel de liderança no processo de mudança organizacional, disponibilizando tecnologias digitais aos colaboradores e integrando-as na própria área de RH.”
O estudo indica ainda que a função de RH está a meio de um longo processo de mudança de identidade. Para se posicionarem efectivamente como consultores de negócio relevantes para a organização, os RH devem focar-se na eficiência da prestação de serviços, na excelência dos programas de talento, assim como na redefinição do trabalho, olhando com uma perspectiva digital”.
Compreender melhor os colaboradores e a forma como o seu trabalho está a ser reinventado
As tendências identificadas no relatório deste ano revelam novidades em vários domínios, incluindo nas funções dentro das organizações. As empresas devem olhar para o talento externo, a robótica, as ferramentas cognitivas e os sistemas de Inteligência Artificial (IA) como uma “nova e reforçada força de trabalho”. Este ano, 41% dos inquiridos revelaram ter já implementado ou realizado progressos significativos na adopção de tecnologias cognitivas e IA na sua força de trabalho. Contudo, apenas 17% dos executivos assumiram estar preparados para gerir uma força de trabalho com pessoas, robôs e IA a trabalhar lado a lado – o nível mais baixo alguma vez registado pelo Global Human Capital Trends.
Embora muitas funções estejam a ser reinventadas pela tecnologia e algumas tarefas estejam a ser automatizadas, o estudo mostra que os aspectos humanos essenciais – como a empatia, a comunicação e a resolução de problemas – são cada vez mais importantes.
Esta mudança não está apenas a direccionar a atenção para a captação de novas competências, mas também para a importância do HR Analytics, de forma de ajudar as organizações a obterem ainda mais dados e informações sobre as capacidades da sua força de trabalho, a uma escala global. No entanto, as organizações continuam a apresentar lacunas nesta área, com apenas 8% dos inquiridos a indicar que contam com dados úteis, e apenas 9% a afirmar que conhece os factores de talento responsáveis pela melhoria do desempenho neste novo mundo laboral.
“As alterações e necessidades que têm vindo a sentir-se nas organizações representam um grande desafio para as áreas de RH, mas também uma grande oportunidade para marcarem a diferença”, esclarece José Subtil. “Os RH precisam de demonstrar que têm o conhecimento e capacidades para lidar com uma mudança diversificada e sem precedentes.”
Aceda aqui ao estudo Global Human Capital Trends 2017 da Deloitte.