Quando o stress no trabalho se torna uma doença  

A vida profissional é cada vez mais longa, aumentando a exposição aos riscos físicos e psicossociais do trabalho. Por outro lado, os profissionais necessitam de ter mais saúde para continuarem a trabalhar de forma produtiva até à reforma.

 

Por Bruno Nunes, Wellness Corporate Manager do Holmes Place

 

À medida que a nossa sociedade evolui, sob a influência das novas tecnologias e das mudanças nas condições económicas e sociais, os nossos locais, práticas e processos de trabalho sofrem mutações constantes. Estas novas situações trazem consigo novos riscos e desafios para trabalhadores e empregadores, pelo que é essencial antecipar melhor os riscos, se quisermos melhorar a sua prevenção e conseguir carreiras sustentáveis, bem como taxas de emprego mais elevadas.

O tema dos riscos psicossociais não é recente, mas as entidades empregadoras, os trabalhadores e influenciadores estão a consciencializar-se para a proporção que estas questões assumem na vida das pessoas e das empresas: o stress é o segundo problema de saúde relacionado com o trabalho mais frequente na Europa e pode estar na origem de várias patologias, como ansiedade, depressão, dificuldades de compreensão, irritabilidade e, em última instância, pode mesmo levar ao suicídio.

O fenómeno do stress laboral merece, então, um olhar atento, sobretudo quando falamos do estádio último e crónico de stress profissional – o burnout (Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001).

 

Burnout
Na década de 70, Freudenberger (1974) foi o primeiro autor a mencionar um tipo de stress associado ao trabalho, designando-o como burnout, definindo-o como “estado de fadiga ou frustração surgido pela devoção a uma causa, por uma forma de vida ou por uma relação que fracassou no que respeita à recompensa esperada”.

Mais tarde, Maslach e Leiter (1997) salientaram o perigo do desgaste progressivo do qual é difícil sair, definindo o burnout como “uma erosão da alma humana”. As autoras elaboraram um postulado específico da síndrome e validaram um instrumento de mensuração denominado Maslach Burnout Inventory (MBI). Após a análise factorial, foram encontradas três dimensões ou subescalas que explicam o burnout: exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal.

A exaustão emocional corresponde a um estado de esgotamento emocional, de desvitalização física e psicológica, a despersonalização caracteriza-se por atitudes e comportamentos de distanciamento, frieza, cinismo, desprezo e evitamento para com o trabalho e para com as pessoas associadas ao contexto laboral, e a baixa realização pessoal no trabalho por sentimentos de ineficácia profissional e de desmotivação, em que os indivíduos interpretam como altamente exigentes novas tarefas e projectos. Profissões que implicam contacto directo com o público, como é o caso dos profissionais de saúde, são apontadas como sendo as mais vulneráveis ao desenvolvimento de síndrome de burnout (Maslach et al. 2001).

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Maio da Human Resources Portugal e conheça as boas práticas do Santander:

Ser o melhor e mais saudável lugar para trabalhar
Com o objectivo concreto de criar hábitos de vida saudável junto dos colaboradores e a ambição de fazer do Santander a empresa mais saudável do mundo, o bem-estar e a saúde constitui um dos vectores essenciais da sua política de Gestão de Pessoas.

A aposta do Santander no bem-estar e na saúde dos colaboradores expressa-se nas distintas valências que, numa visão integrada, passam pela criação e implementação de medidas que contribuem directamente para a melhoria da sua qualidade de vida, em linha com o objectivo estratégico de querer ser o melhor lugar para trabalhar». Quem o afirma é a directora coordenadora de Recursos Humanos do Banco Santander Totta, Alexandra Brandão. E exemplifica: «O programa BeHealthy, a política de Flexiworking, a componente socioeconómica com a atenção dada aos colaboradores com menores rendimentos – a par de vários apoios financeiros como a comparticipação do passe social, das propinas e livros escolares, estabelece como salário mínimo 1200 euros –, a aposta na formação contínua e desenvolvimento de competências profissionais e individuais, a existência de Seguro de Saúde inteiramente gratuito para os colaboradores e respectivo agregado familiar, os programas de desabituação tabágica e emagrecimento, e a qualidade das instalações no sentido de proporcionar espaços de trabalho, que favorecem a implementação de maior agilidade e trabalho de equipa. Tudo isto faz parte dum pacote global que requer a nossa atenção permanente», assegura.

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