Socializar em Rede

Filipe Carrera, formador internacional e especialista em networking, explica qual a atitude a adoptar perante o novo paradigma de comunicação introduzido pelas redes sociais.

Por TitiAna Amorim Barroso

«As redes sociais estão a alterar a nossa percepção de proximidade. Pela primeira vez na história da humanidade o grau de relacionamento não depende da distância a que se encontram duas pessoas, mas quem partilha as suas experiências através das redes sociais tem uma relação mais intimista, que duas pessoas que em termos geográficos estão próximas ainda assim nada partilham na rede» sublinha Filipe Carrera.

Qual a melhor forma de nos adaptarmos a este novo paradigma?

«É não enfiar a cabeça na areia. Temos que ter consciência que estamos todos a aprender e que não é definitivo. Temos de usar e respirar este novo meio, que é somente uma extensão do meio físico. E sem dúvida temos que apostar em formação e utilizar as redes sociais para formar», conclui.

Muitos são os perigos associados às redes sociais, Filipe Carrera alerta para o facto de «não nos podermos esquecer que não há online e offline, há uma fusão, o online é uma extensão da realidade. Sabemos que cada funcionário de uma empresa é um veículo de comunicação, por isso temos que nos preocupar com o que os trabalhadores dizem sobre nós nas redes sociais. Estas são como uma nova sala de estar. Não há formas correctas de usá-las, só há consequências. Se o nosso perfil no mundo físico não está alinhado com o que colocamos no mundo online, estamos a sofrer de uma espécie de esquizofrenia social. Igualmente tudo o que colocarmos na Web fica para sempre disponível, pelo que somos inteiramente responsáveis, pelos danos ou benefícios provocados na nossa imagem, pela nossa actuação nas redes sociais.»

O especialista em networking fala em trabalhar em rede e com a rede, já que acredita que «estamos a assistir a uma mudança sem paralelo da forma de trabalhar, o trabalho colaborativo veio para ficar, é uma oportunidade de ter um salto na produtividade, mas também é uma ameaça para os que não aproveitarem o momento para mudarem.” E conclui: “Com as devidas diferenças é uma mudança similar à informatização das empresas, e nesse momento muitos diziam que nunca iam trabalhar com um computador. Os benefícios para organizações e indivíduos são muitos, nomeadamente, mais oportunidades de negócio, de trabalho, mais e melhor acesso a conhecimento e fortalecimento de relacionamentos.»

Mas para quem não souber fazer uma boa gestão das redes sociais, colocam-se outros tantos perigos. Esta chamada “geração facebookiana”, de acordo com Filipe Carrera, corre o risco de ser switchtasking (troca constante de tarefas) e não, como se rotula, multitasking (muitas tarefas ao mesmo tempo). Defende que «trabalhamos de forma pavorosa. Na actualidade a tecnologia não trouxe aumento da produtividade, trouxe pouca concentração, acabando por criar muitos estímulos.

Um conceito também importante na área de RH é o Social Learning, ou seja, utilizar as redes sociais para instruir. Filipe Carrera afirma que este formato é crucial, já que os vídeos são ferramentas de aprendizagem. Por exemplo o caso do YouTube, maior canal de difusão de conteúdos multimédia, repleto de simples vídeos de “Dicas” onde se aprende facilmente. «Passa-se conhecimento através deste formato. Alguém descobre uma funcionalidade e passa informação em escassos minutos. Quando se compra um equipamento vai-se ver a informação de um utilizador e não a informação da marca. O modelo de aprendizagem é sempre o escrito, mas aprende-se mais com o modelo multimédia», sublinha.

Artigo relacionado:

A Revolução Subtil

Ler Mais