Burnout dos colaboradores no top das prioridades
O burnout surge pela primeira vez no top cinco das maiores preocupações dos executivos, revela o estudo Global Talent Trends 2019, da Mercer, que destaca também as principais tendências que irão moldar o futuro da força de trabalho.
De acordo com os dados recolhidos pela consultora Mercer a nível global, o alinhamento do trabalho ao valor do futuro, o desenvolvimento da ressonância da marca, a curadoria da experiência de trabalho e a transformação liderada pelo talento são tendências determinantes para o futuro do trabalho.
O relatório Global Talent Trends 2019, que teve por base as respostas de mais de 7300 executivos, responsáveis de Recursos Humanos e colaboradores de nove indústrias de 16 países, destaca também que 73% dos executivos prevêem uma disrupção significativa nos próximos três anos, em comparação aos 26% de 2018.
Ainda assim, apenas um em cada três classifica a sua empresa como «muito eficiente» no que diz respeito à mitigação dos riscos associados às pessoas – incluindo a capacidade de se adequarem a novas competências e o cansaço provocado pela rápida mudança.
É a primeira vez que o burnout dos colaboradores surge entre as maiores preocupações. Pedro Brito, partner da Mercer, faz notar que, «ao longo dos últimos anos, as organizações passaram da antecipação à acção no que se refere à preparação do futuro do trabalho», sublinhando que «é crítico equilibrar os processos de mudança e implementar uma estratégia de transformação eficiente, de forma a evitar confundir as pessoas com tanta mudança, inundando-as com processos infindáveis, levando-as muitas vezes à exaustão e alienação relativamente aos valores e ao propósito da organização».
O mesmo estudo revela que, 60% dos executivos planeiam automatizar mais funções nos próximos dois meses, apesar de apenas um terço ter dados fiáveis sobre o impacto das suas estratégias no negócio.
Do lado dos colaboradores, um terço mostra-se preocupada em ver a sua função substituída por inteligência artificial ou automatização, 65% exige maior clarificação na definição de responsabilidades e 56% pede uma formação adequada.
Segundo a Mercer, «é três vezes mais provável que colaboradores com níveis de produtividade e crescimento elevados trabalhem para uma organização que permita tomadas de decisão rápidas (81%) e que ofereça ferramentas e recursos para que estes desempenhem o seu trabalho eficientemente (82%)».
«A chave é alinhar funções e pessoas para onde o valor está a ser criado, e permitir um mecanismo para recompensar comportamentos e competências para o ‘future-fit’», refere Pedro Pedro .
As pessoas no centro da mudança
Por outro lado, a forma como as empresas gerem o seu negócio e defendem os valores da marca são cada vez mais valorizadas pelos colaboradores. «É quatro vezes mais provável que colaboradores com níveis de produtividade e crescimento elevados trabalhem para uma empresa que assegura equidade nas decisões de pagamento e promoção (78% vs. 18%)», adianta o estudo.
A Mercer conclui também que a segurança no trabalho, incluindo a emocional, é uma das principais razões pelas quais os colaboradores se juntam e ficam nas empresas. A flexibilidade de horário e a preocupação do empregador com o bem-estar e saúde são também dois factores chave na retenção do talento.
Para assegurar que o talento está no centro da mudança, realça que os Recursos Humanos devem ter uma voz activa no processo de transformação do negócio. Segundo a consultora, 61% destes responsáveis participaram no planeamento de grandes mudanças, mas apenas 54% foram envolvidos na execução desses projectos.
O partner da Mercer considera que «estas conclusões apontam para a necessidade de desenhar os processos de transformação centrados nas pessoas e garantir melhores métricas para perceber como as pessoas estão a viver e abraçar a mudança».