Qual o nível de literacia digital dos portugueses?
Segundo um estudo da GFK, relativo a este mês, mais de 16% da população portuguesa foi impactada pelo Movimento pela Utilização Digital Activa (MUDA), projecto criada em 2016 com a missão de fazer com que Portugal se torne mais avançado, inclusivo e participativo.
Ontem, no dia do seu segundo aniversário, o MUDA fez o balanço dos primeiros anos de actividade, destacando a evolução do número de utilizadores de internet e o seu nível de sofisticação. «Mais de 1,6 milhões de portugueses foram impactados pelo MUDA nestes últimos dois anos, nomeadamente os cidadãos com mais de 55 anos (…), mas também os jovens dos 15 aos 25 anos», destacou Alexandre Nilo Fonseca, director executivo do MUDA, projecto que conta com o apoio de empresas, universidades e do próprio Estado.
Citando um estudo da Society Index da Comissão Europeia, com dados de 2018, fez saber que são já quase oito milhões os portugueses a utilizar a internet. Desses, quatro milhões utilizam a rede para aceder a serviços públicos digitais, à banca ou para fazer compras.
Ainda assim, dois milhões não têm qualquer contacto com a internet. No último relatório da Comissão Europeia – Digital Economy and Socienty Index – que compara o nível de digitalização dos 28 países da União Europeia, Portugal surge na 16.ª posição, abaixo da média europeia, sendo referido que «o risco de exclusão digital para determinados grupos da população é particularmente elevado em Portugal».
No almoço com jornalistas, o director executivo do MUDA, partilhou mais alguns números: quando o movimento começou 29% dos portuguesas usava online banking e em 2018 eram já 39%. Para 2020, acredita que seja ultrapassada a meta definida de 45%. Quando a compras online, em 2016, 31% usava este método, percentagem que em 2018 aumentou para 37%.
Iniciativas por todo o país
Assumindo o desafio de, até 2020, diminuir para 15% a percentagem de utilizadores que nunca usou internet (em 2016 eram 26%), o MUDA tem levado a cabo uma série de iniciativas, nomeadamente o “Muda na Escola”, “Muda na Aldeia” e “Muda no Bairro”.
O “Muda na Escola” é um programa educativo que visa contribuir para a inclusão digital de seniores. Numa fase piloto, aconteceu em 18 escolas secundárias do Norte e Centro do país, tendo contado com o envolvimento de mil alunos que, sob supervisão dos professores, deram as formações a uma geração que pouco ou nenhum contacto tem com a internet. O objectivo é conseguir estar nas 600 escolas secundárias distribuídas pelo país.
O “Muda na Aldeia”, um projecto semelhante, mas que será lugar em aldeias onde não existem escolas secundárias e, por isso, as acções terão lugar na Junta de Freguesia.
O “Muda no Bairro” tem como razão de ser, como salientou Alexandre Nilo Fonseca, o facto de a infoexclusão não ser exclusiva do interior, em Lisboa e no Porto também existe.
O MUDA esteve também já presente em mais de 30 emissões em directo de programas da RTP, TVI e SIC, e, em Outubro de 2018, lançou o “MUDA num Minuto”, um programa de televisão transmitido diariamente no jornal da manhã da RTP1 e RTP3, com sugestões de como o uso da Internet pode mudar o dia-a-dia das pessoas. Entretanto, foi lançada uma versão para a rádio na Antena1, também em formato diário.
Apostou também numa digressão pelo país, permitindo que milhares de portugueses tivessem desde uma primeira experiência na Internet à utilização de novidades tecnológicas, tais como a realidade virtual e aumentada. Até agora, o roashow já percorreu mais de 30 cidades.
Foi ainda possível fazer a activação de uma rede de espaços deste movimento – a Chave Móvel Digital, um meio seguro de autenticação dos cidadãos nos websites da Administração Pública. É para todos os efeitos o Cartão do Cidadão em formato mobile.
Já este ano, uma das iniciativas mais recentes foi o “Mudar é Ganhar”, um concurso que sorteou mais de dois prémios por hora, durante mais de três meses, entre os quais um Volkswagen T-Roc.
Por fim, desenvolveu um plano de acção, designado “Digital By Default”, que ilustra os benefícios de acelerar esta transformação e aponta os caminhos possíveis para essa mudança, assente em três eixos: comunicações electrónicas “by Default”, digitalização dos arquivos e implementação de ID electrónico comum para o Estado e empresas – a Chave Móvel Digital.
Alexandre Nilo Fonseca concluiu afirmando que o que os move é contribuir para melhorar a vida das pessoas. «E não queremos deixar ninguém para trás, temos essa responsabilidade.»