Alunos de informática são insuficientes para a oferta de trabalho

O número de jovens que estão a optar por cursos superiores de informática é insuficiente para colmatar as necessidades do mercado de trabalho, revela o Departamento de Ciência, Inovação e Tecnologia (DICT) da Universidade Portucalense (UPT).

Para Filomena Castro Lopes, directora do DICT da UPT, esta realidade afeta não só Portugal mas todo o espaço europeu, e é particularmente alarmante, atendendo a que, de acordo com dados recentemente divulgados pelo ‘EURES – O portal europeu da mobilidade profissional’, as profissões ligadas a área da informática são as mais procuradas em toda a Europa.

Com efeito, o EURES elaborou um ranking europeu das 10 profissões mais procuradas, tendo colocado em primeiro lugar os ‘engenheiros de sistemas e programadores’, sendo que a 6ª e 7ª posição são ocupadas por outras carreiras profissionais oriundas de formações de cursos nas áreas da Informática.

“Com base no EURES, há mais de 1800 empresas em toda a Europa a quererem contratar licenciados na área da informática e não deixa de ser alarmante constatar que, numa era marcada pelo forte índice de desemprego entre os jovens licenciados, estes, e sobretudo as mulheres, aderem cada vez menos aos cursos que mais garantias de emprego lhes dão”, comenta Filomena Castro Lopes.

Segundo a mesma fonte, o desinteresse dos jovens pelos cursos na área da informática tem origem na difícil relação que muitos alunos do ensino secundário têm com o ensino da Matemática, o que, mais tarde, os leva a afastar das suas escolhas os cursos superiores que exigem conhecimentos nesta área.

“Na hora de escolher a formação superior que ditará um dia o seu futuro profissional, os nossos jovens têm tendência a cultivar o facilitismo e, frequentemente, optam pelos cursos que lhe parecem mais fáceis, em detrimento dos que lhes conferem maiores garantias de empregabilidade. No entanto, constatámos que, quando ingressam nos cursos da área da informática, acabam por reconhecer que conseguem fazer com aproveitamento e gosto as unidades curriculares da área da matemática”, considera.

A responsável refere, como exemplo, o caso da UPT, onde são ministrados cursos na área de informática reconhecidos há 25 anos, e em que o número de alunos que a cada ano se licenciam é insuficiente face ao número de ofertas de emprego que ao longo de todo o ano chegam à universidade.

“Quando acabam o estágio, 85% dos nossos alunos já têm emprego assegurado e, por mês, divulgamos, junto dos alunos, uma média que supera as 7 ofertas de emprego, número que se mantém mesmo após a chegada da troika”, acrescenta.

Recorde-se que, de acordo com dados disponibilizados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, os cursos da UPT na área das tecnologias e sistemas de informação apresentam a melhor taxa de empregabilidade entre todos os cursos de Informática leccionados ao nível do Ensino Superior entre os anos lectivos de 1999/2000 e 2008/2009.

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