Apenas 10% das empresas tem um plano de IA integrado nas suas estratégias, revela estudo

Com a crescente presença da Inteligência Artificial (IA) no mundo empresarial e tecnológico, as empresas começam a definir as bases para incorporar este recurso nos seus processos e poderem capitalizar todo o seu potencial de crescimento. No caso de Portugal, 90% das empresas identifica a optimização das operações como a principal motivação para a adopção da Inteligência Artificial.

Estes é um dos dados da edição deste ano do relatório Ascendant Digital 2024 sob o tema “IA: Uma revolução em curso”, da Minsait, uma empresa da Indra.

O relatório confirma que, embora as empresas de todos os sectores tenham por base um baixo nível de adopção da IA, estão conscientes do desafio que implica promover e captar todo o seu valor à medida que esta tecnologia avança. Inclusivamente, muitas estão já a lançar-se na implementação concreta, especialmente de IA generativa, o que deu origem a um elevado número de referências numa fase muito anterior ao que normalmente acontece com outras tecnologias emergentes.

Embora actualmente apenas 10% das empresas, a nível global, tenha um plano de IA totalmente integrado nas suas estratégias, somente 36% destas já começou a desenvolvê-lo e três em cada quatro planeia tê-lo a médio prazo, o que demonstra a importância estratégica que a IA terá nos negócios.

Entre as empresas portuguesas que já iniciaram este caminho, de acordo com o Relatório Ascendant, 90% fizeram-no com a motivação de incorporar a IA na optimização de operações e redução de custos, 37% para aumentar as vendas e 32% para uma evolução da experiência dos seus clientes e utilizadores internos.

De forma geral, existem reservas quanto à exploração de outras áreas ou à facilitação de acções autónomas por parte da IA; e, pelo contrário, prevalecem os casos de uso relacionados com a evolução das operações.

Entre as áreas da cadeia de valor em que as organizações portuguesas estão a aplicar a IA, destaque para o desenho de produtos e serviços (93%), operações de cliente (85%), estratégia (85%) e vendas (80%); que têm incentivado o desenvolvimento de casos de uso em áreas como a análise predictiva para a tomada de decisões, a investigação e concepção de novos produtos e serviços, a concepção e personalização de campanhas, a previsão da procura dos clientes ou a geração de códigos informáticos.

A nível global, das empresas que participaram no estudo, 78% das organizações já possuem infraestrutura na cloud para promover a IA e uma em cada três possui acordos com parceiros tecnológicos especializados.

Este surgimento de casos de uso acelerou a entrada da IA ​​nas organizações, embora ainda sejam identificados obstáculos para escalar mais rapidamente a sua adopção. Entre as principais barreiras identificadas pelos inquiridos portugueses destacam-se a falta de um modelo de governação de dados e a sua gestão (39%) e a existência de infraestrutura tecnológica adequada (39%), seguindo-se a falta de profissionais qualificados (34%).

Apenas 24% das organizações nacionais identifica a instabilidade da regulação e a ausência de um quadro regulamentar estável como uma barreira ao aumento da sua adopção. No entanto, a recente aprovação da Lei Europeia da IA ​​(AI ACT), o primeiro regulamento sobre Inteligência Artificial no mundo que regula novos cenários de oportunidades, serve como incentivo para que as empresas reforcem os seus investimentos nesta área.

O estudo contou com dados das mais de 130 empresas nacionais que participaram num inquérito que decorreu até Março deste ano, em parceria com a AESE Business School. A nível global, o estudo envolveu mais de 900 organizações do Sul da Europa e da América Latina, de quinze sectores de actividade.

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