Aposta no digital «não pode implicar» pessoas a ficar para trás

A ministra da Juventude e Modernização afirmou, em declarações à Lusa, que há uma «preocupação muito grande» com a inclusão e que a aposta no digital «não pode implicar que existam pessoas que fiquem para trás».

 

O Governo aprovou a Estratégia Digital Nacional (EDN) e o Plano de Acção 2025-2026.

«Temos a estratégia e o Plano de Acção dividido em quatro dimensões: as pessoas, as empresas, o Estado e as infraestruturas», sintetizou Margarida Balseiro Lopes, quando questionada sobre as medidas que destaca neste âmbito.

Na dimensão pessoas «destacaria as várias acções que nós temos para capacitar, para dar competências na área do digital», bem como o tema das férias escolares, que nós vamos aproveitar para reforçar as competências na área do ensino da inteligência artificial [IA], da robótica, da computação.

«Temos uma preocupação grande com o tema da inclusão, ou seja, a aposta no digital não pode implicar que existam pessoas que fiquem para trás» e «é por isso que nós vamos avançar, já em 2025, com o projecto piloto, em 20 Espaços Cidadão, para darmos competências às pessoas mais velhas, para saberem utilizar as novas tecnologias e para estarem mais alerta a temas fraudulentos que tiram partido das novas tecnologias para enganar as pessoas», explicou a governante.

Trata-se de «uma necessidade de toda a população, em especial as pessoas com mais idade», reforçou.

O tema das infraestruturas «também é muito crítico», porque «tudo isto só consegue acontecer se nós tivermos uma infraestrutura robusta, resiliente, preparada», apontou.

A cibersegurança é uma questão essencial e «nós temos de estar, de facto, mais capacitados», insistiu Margarida Balseiro Lopes.

«Quando eu digo nós, nós temos de começar pela Administração Pública. E, portanto, o tema da bolsa de horas, que é uma das acções que nós temos em concreto para 2026», elencou.

As entidades da Administração Pública «têm graus de maturidade e de resiliência diferentes para resistir a esses fenómenos» de ciberataques e é preciso «garantir que temos uma bolsa de horas que vai ser gerida pelo Gabinete Nacional de Segurança [GNS]» para apoiá-las em caso de serem alvo daquele tipo de incidentes, disse.

Até porque, «no limite, o destinatário final não é a entidade da Administração Pública, é que a entidade da Administração Pública trata dados e lida com pessoas. E, portanto, quando nós queremos apoiar mais estas entidades na forma como lidam com esses incidentes, é a pensar nas pessoas que nós estamos», sustentou.

Uma medida que está no Plano de Acção «é o método único de entrada de autenticação, ou seja, o cidadão não pode entrar no gov e mete a chave móvel e depois passou para o site da Autoridade Tributária e tem de andar à procura, num caderno, qual é que é a password de acesso às Finanças, a password de acesso à Segurança Social», referiu.

«Temos como regra que vamos implementar agora nos próximos meses é: entrada com a Chave Móvel ou com o Cartão de Cidadão em qualquer ‘site’ da Administração Pública» e, apesar de isto «parecer uma coisa menor», tem «um impacto brutal na vida das pessoas», quer sejam cidadãos ou empresas, salientou.

«Quando falamos do tema da competitividade, podemos ter uma economia mais competitiva, mais produtiva, pagar melhores salários, sim. Mas uma das coisas que o Estado pode fazer para aumentar a nossa produtividade, a produtividade das empresas, é garantir que elas não gastam horas nem recursos humanos a fazer, a desempenhar tarefas que nós temos condições de não obrigar a que tenham de fazer», prosseguiu.

A estratégia omnicanal está presente no Plano de Acção que passa pelo gov, «o lançamento da aplicação no primeiro trimestre de 2025, o assistente virtual que vai estar disponível nos próximos dias até ao final do ano, que fala em 12 línguas e que consegue dar respostas sobre mais de 2300 serviços, utilizando a inteligência artificial», o que é «muito importante».

E exemplificou: «alguém quer renovar o Cartão de Cidadão e nem todas as pessoas têm de saber qual é que é o serviço público que trata da renovação do cartão ou do passaporte», vai ao gov, «pergunta ao assistente virtual ‘eu preciso renovar o meu Cartão de Cidadão, o que é que eu devo fazer» e o assistente virtual «vai dar este tipo de respostas».

No caso da informação em inglês na linha telefónica, está disponível desde 1 de Outubro.

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