Cinco factos e cinco mitos sobre os jovens e o mercado de trabalho. Por exemplo, será que são realmente sobrequalificados?
O estudo “Mitos e Realidades sobre os jovens e o mercado de trabalho” da Randstad Research identificou 10 mitos sobre esta temática.
São eles:
1. Estão realmente os jovens sobrequalificados?
Ainda que os jovens estejam significativamente mais qualificados academicamente do que as gerações anteriores, é um mito afirmar que estão sobre-qualificados. Em Portugal, 27,5% dos jovens completaram a formação superior, valor que está alinhado com a média da União Europeia. O desafio, neste cenário, passa por conseguir um melhor ajuste às necessidades do mercado de trabalho para que a qualificação disponível seja melhor aproveitada e que se evite um skills mismatch.
2. Há em Portugal uma fuga massiva de talento jovem?
Se compararmos com a média europeia, a percentagem de emigrantes jovens é relativamente alta, no entanto, a verdade é que a percentagem total de jovens emigrantes sobre o total da população jovem foi de apenas 1,1%, o que significa que, apesar da emigração ser uma realidade, a grande maioria dos jovens permanece em Portugal.
3. A formação superior é adequada às necessidades do mercado de trabalho, em termos de experiência?
Ainda que a formação superior seja relevante, 65% dos jovens em Portugal não tiveram nenhuma experiência profissional enquanto estudavam no ensino superior e existe um desajuste entre a formação académica e a prática profissional dos estudantes. Assim, a formação superior em Portugal, não oferece uma experiência prática tão relevante como em outros países europeus.
4. A situação dos jovens NEET em Portugal é crítica?
Existe uma percepção em Portugal de que a percentagem de jovens que nem estudam nem trabalham (NEET) é elevada, o que levanta preocupações sobre a sua integração no mercado de trabalho. Mas, segundo os dados do INE, a taxa de jovens NEET em Portugal tem vindo a melhorar de forma gradual nos últimos anos, especialmente após a crise económica.
No ano 2013, eram mais de 400 mil os jovens entre 16 e 34 anos que estavam classificados como NEET. Em 2024, este número diminuiu para 188 mil jovens, o que representa uma redução para a metade na última década. Desta forma, actualmente aproximadamente 9% dos jovens entre 16 e 34 anos em Portugal são classificados como NEET.
5. Os jovens não são tão ambiciosos quanto as outras gerações?
O estudo do workmonitor 2024 da randstad revela que os jovens da geração z são considerados mais ambiciosos do que as outras gerações. Quase metade (46%) dos respondentes da geração z acreditam que a sua geração tem as maiores aspirações de carreira, em comparação com outras faixas etárias. Gerações mais velhas, como geração x e os baby boomers, registam percentagens mais baixas de autoavaliação de ambição, com 36% e 32%, respetcivamente. Estes valores sugerem que, à medida que as gerações se tornam mais velhas, a perceção de ambição relacionada com a progressão de carreira diminui.
Assim, os dados fornecidos pelo estudo reforçam que é um mito que a geração z, composta pelos indivíduos mais jovens, não é tão ambiciosa quanto as outras gerações, particularmente em termos de aspirações de crescimento.
6. Tem Portugal um grave problema de desemprego jovem?
Actualmente, a taxa de desemprego dos mais jovens (dos 16 – 24 anos) é quase quatro vezes superior à taxa de desemprego da população geral. Este valor faz com que Portugal, em comparação com a União Europeia, esteja 3,6 pontos acima da média, uma das maiores da Europa.
7. Os jovens mudam de emprego com maior facilidade do que outras gerações?
O estudo mostra que 20% dos mais jovens mudou de trabalho nos últimos seis meses e 29% planeia mudar nos próximos seis meses, valores acima do registado noutras gerações e que comprovam que os jovens têm mais facilidade em mudar de emprego.
8. Os jovens têm realmente preferência por trabalhar em áreas mais tecnológicas?
Em Portugal há uma maior preferência pela formação na área das tecnologias em comparação com a média europeia e mais ainda com os países do sul da Europa. Portugal destaca-se como um dos países da Europa com uma das maiores percentagens de licenciados na área de engenharia, produção e construção, com 19% do total de universitários em Portugal.
9. É realista assumir que os jovens portugueses ganham menos do que os jovens de outros países europeus?
Em Portugal, os ganhos médios da população geral e também dos jovens (menos de 30 anos) estão abaixo tanto da média da UE como da maioria dos países europeus, particularmente do norte e centro da Europa.
Este estudo baseia-se em fontes estatísticas oficiais, como o IEFP, o INE e a Eurostat, e analisa o mercado de trabalho dos jovens em Portugal, comparando-o com outras faixas etárias e com a realidade de outros países europeus.