Empreendedorismo: a nova Era do smart work

Quando nos tornamos empreendedores, a gestão do tempo passa a ser da nossa inteira responsabilidade. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é maior porque não se dissociam um do outro.

Por Florbela Barão da Silva, consultora de Comunicação & PR advisor; brand owner of ViewPoint a way of making PR

As empresas trabalham com pessoas que têm um capital de conhecimento e de experiência que deve ser valorizado e reconhecido. Mas em alguns sectores, como na consultoria de comunicação, verifica-se cada vez mais a procura pelos jovens millennials pelas razões erradas.

A principal razão, neste caso, é, muitas vezes, pagar mal. E estamos a falar de profissionais que lidam com gestão de informação valiosa dos clientes, por vezes confidenciais. Argumenta-se que a crise veio tornar a situação mais precária, mas a crise traz sobretudo oportunidades, e oportunistas que perpetuam este tipo de situação. Já lá vamos às oportunidades.

 

Há muitas excepções à regra mas, regra em geral, o ambiente e gestão de carreira depende de muitos factores que nem sempre é a meritocracia. Vejamos o caso das mulheres, caso fiquem num estado de graça, podem facilmente cair em desgraça. O regresso ao trabalho após a licença de maternidade pode ser considerado problemático em caso de amamentação pois são uma ou duas horas a menos por dia de trabalho. E no sector da consultoria da comunicação, onde trabalhei mais de 20 anos, o excesso de horas é a regra e não a excepção.

A capacidade das mulheres é, não raras vezes, colocada em causa. O facto de se querer constituir família, ter filhos, é por vezes, ou mesmo muitas vezes, um factor impeditivo de evolução na carreira. Não é colocar as mulheres num lugar de vitimização para o qual devemos deixar de ter vocação, mas num lugar de repensarmos o nosso papel e como queremos gerir a nossa vida profissional, que é indissociável da nossa vida pessoal.

Sei que há muitas mulheres que não deixam de cumprir ou de se exceder no seu papel profissional e nos cargos de gestão ou executivos, mas só elas sabem a que preço.

Mas a crise traz oportunidades. E também um sentimento de insatisfação e desvalorização, que faz crescer uma vontade de mudança, que é necessário sustentar e colocar em acção. Pode demorar algum tempo e ser precisar de apoio, seja aconselhamento na família ou nos amigos, ou coaching.

Enquanto empreendedora, outra dificuldade que encontrei foi algum preconceito cultural que ainda persiste em Portugal em relação aos profissionais independentes. Mas acredito que estamos a assistir a um novo modelo laboral que implica flexibilidade e smart work.

Quando nos tornamos ou somos empreendedores, a gestão do tempo passa a ser da nossa inteira responsabilidade. As frustrações e as conquistas são vividas de forma mais solitária. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é maior porque não se dissociam um do outro.

A quem está em processo de mudança mental para transformar a sua carreira, deixo algumas dicas:

Não desvalorizar nunca o networking. É muito mais do que “coleccionar” contactos. É gerar envolvimento, dar feedback e estar disponível para prestar.

O apoio mútuo entre pessoas e, sobretudo, entre mulheres é fundamental. Procurar grupos formais ou informais de capacitação pode ajudar bastante. Exemplo disso é a comunidade Mulheres à Obra, que após um ano de existência tem já 60 mil mulheres que seguem a conta no Facebook.

Apostar no desenvolvimento pessoal e na formação. Não é fazendo o mesmo todos os dias que evoluímos. É como exercitar o corpo. Temos que criar estímulos diferentes.

– E finalmente, mas não menos importante, tentemos ser generosos connosco e com o tempo que necessitamos para sermos os nossos agentes da mudança. Deixar de questionar o que os outros podem fazer por nós para passar a questionar o que eu posso fazer por mim.

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