Emprego bate recordes em Portugal. Conheça os grupos etários, regiões e sectores que mais cresceram
A Randstad Portugal acaba de divulgar a sua análise aos resultados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) no terceiro trimestre de 2024.
No 3.º trimestre de 2024, o emprego em Portugal continua a atingir um máximo histórico, com mais 41 mil pessoas empregadas face ao trimestre anterior, atingindo um total de 5.140.900 profissionais, dos quais 84,7% são trabalhadores por conta de outrem.
O número de pessoas activas subiu em 43.700 (+0,8%), o que resultou do aumento simultâneo do número de empregados e de desempregados, totalizando 5.475.600 pessoas activas. Comparando com o mesmo período do ano anterior, houve um crescimento de 59.100 profissionais empregados (+1,3%) e uma subida da taxa de actividade em 0,3 p.p., situando-se nos 60,3%.
Este crescimento do emprego foi impulsionado tanto pelos trabalhadores por conta de outrem como pelos trabalhadores por conta própria, com um aumento de 4,6% neste último grupo. Entre os assalariados, observou-se uma subida nos contratos sem termo (+0,7%) e uma diminuição nos contratos com termo (-5,0%), continuando a tendência de redução da taxa de trabalho temporário, agora em 15,6%. A maior subida no emprego foi registada no grupo etário dos 16 aos 24 anos (+10,7%), enquanto algumas faixas, como a dos 25 aos 34 anos, registaram quedas ligeiras.
O sector dos serviços liderou o crescimento sectorial, com mais 22.900 profissionais (+0,6%), seguido pela indústria, construção, energia e água (+1,3%) e pela agricultura (+1,5%). Em termos homólogos, o emprego nos serviços cresceu 1,5%, mas o sector agrícola perdeu 3,9% de profissionais. A taxa de desemprego manteve-se estável nos 6,1%, com uma diferença de 0,7 p.p. entre mulheres (6,5%) e homens (5,8%), reflectindo um mercado de trabalho onde, apesar do aumento do emprego, ainda persistem desafios na absorção total da mão-de-obra disponível.
Os dados mais recentes do INE para o 3.º trimestre de 2024 analisam a evolução do teletrabalho em Portugal. Dos 5.140.900 profissionais empregados no país, 19,2% indicaram ter a possibilidade de trabalhar a partir de casa utilizando TICs, em regime 100% remoto ou híbrido.
Este valor representa uma redução de 47.400 profissionais (-4,4%) em teletrabalho face ao trimestre anterior. Esta variação, no entanto, está fortemente associada a factores sazonais, como a diminuição de cerca de 52 mil profissionais no sector da educação devido ao período de férias escolares de Verão, um padrão que afecta regularmente o número de teletrabalhadores neste sector, já que muitos professores e trabalhadores ligados ao ensino interrompem suas actividades nesta época do ano.
Assim, embora os números de teletrabalho possam oscilar ao longo dos trimestres, os dados não suportam a ideia de uma reversão das políticas de teletrabalho pelas empresas de forma ampla. O número de teletrabalhadores em 2024 continua elevado, o que reflecte a relevância desta prática no mercado de trabalho português.
O teletrabalho mantém-se como uma prática de longo prazo, sustentada pela procura de flexibilidade e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e pela adaptação das empresas às necessidades dos seus colaboradores.
A nível regional, a Grande Lisboa registou a maior percentagem de trabalhadores em teletrabalho, com 32,2% (347.200 profissionais), enquanto os Açores apresentaram a menor percentagem, com apenas 7,4% (8.900 profissionais).
«O teletrabalho trouxe uma nova dinâmica ao mercado de trabalho, que se mantém mesmo após o fim da pandemia. Esta análise revela que, apesar das variações em regiões e sectores específicos, o teletrabalho não é uma tendência passageira. Em Portugal, continua a ser uma prática consolidada, favorecida pela flexibilidade e pelas novas exigências dos profissionais assim como pela redução dos custos operacionais para as empresas», afirma Isabel Roseiro, directora de Marketing da Randstad Portugal.
Desde o início da pandemia, o INE passou a monitorizar regularmente o teletrabalho, que atingiu um pico em 2020, com mais de 1 milhão de profissionais (23% da população empregada) a trabalhar a partir de casa, dos quais 91% devido a restrições sanitárias. Embora o fim das restrições pandémicas tenha impulsionado uma diminuição gradual do teletrabalho ao longo de 2021, esta prática consolidou-se nos anos seguintes, particularmente em regime híbrido.
Apesar da crescente especulação sobre um possível regresso ao escritório, principalmente em grandes empresas internacionais e tecnológicas, os dados não confirmam esta tendência de forma significativa. O número de profissionais em regime de teletrabalho continua a manter-se em níveis elevados, mostrando-se como uma prática estabelecida no país e, na maioria dos sectores, essencial para a conciliação entre a vida profissional e pessoal.