Empresas vão continuar a contratar. Mas com projecções mais contidas do que no início de 2024 (e abaixo da média global)

Os empregadores portugueses continuam a mostrar resiliência nas suas intenções de contratação, revelando uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +20% para o primeiro trimestre de 2025. Este valor representa um aumento de um ponto percentual face ao trimestre anterior, reflectindo um cenário de estabilidade moderada, com 33% das empresas inquiridas a pretender aumentar as suas equipas, 13% a antever reduzir e 52% a planear manter o seu número actual de colaboradores. Os dados são do ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o primeiro trimestre de 2025.

 

Apesar de a procura por talento se manter robusta, os números actuais demonstram um abrandamento face ao início de 2024, quando as projecções registaram os valores mais elevados do ano. A nível global, Portugal apresenta uma Projecção cinco pontos percentuais abaixo da média mundial, sendo o sétimo país com maior descida anual. Estes valores reflectem, assim, um crescimento lento, com os empregadores portugueses a acelerar apenas ligeiramente o ritmo de contratação em relação ao último trimestre.

Todos os sectores revelam intenções de contratação positivas para o arranque de 2025, com o sector das Finanças e Imobiliário a destacar-se com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego muito robusta, de +51%. Esta Projecção representa um crescimento acentuado de 26 pontos percentuais face ao trimestre anterior e de 17 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024, com a procura de talento por parte das empresas do sector imobiliário a contribuir de forma acentuada para esta evolução.

Com uma Projecção igualmente dinâmica, de +44%, segue-se o sector dos Transportes, Logística e Automóvel, revelando um aumento de 16 pontos percentuais em relação ao trimestre passado e de oito pontos percentuais face aos primeiros três meses de 2024.

Os empregadores do sector da Saúde e Ciências da Vida mostram também um sentimento de optimismo nas contratações, com uma Projecção de +25%, correspondente a um crescimento de oito pontos percentuais face aos meses de Outubro a Dezembro. O mesmo é verificado nos setores dos Serviços de Comunicação e da Indústria Pesada e Materiais, ambos com uma Projecção positiva de +23%.

No que respeita ao primeiro, observam-se sinais de forte recuperação, em comparação com o observado no último trimestre de 2024; já os valores da Indústria Pesada e Materiais revelam uma estabilização face ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2024, com um crescimento de apenas um e dois pontos percentuais, respectivamente.

As Tecnologias de Informação registam uma Projecção também positiva de +22%, evidenciando sinais de recuperação após as quebras verificadas ao longo de 2024. Após alguns desafios, o sector acompanha a tendência internacional de procura de talento capaz de suportar as iniciativas de transformação digital e de investimento em Inteligência Artificial. No entanto, os números ainda estão distantes dos valores do primeiro trimestre de 2024, quando atingiram +57%.

Em contraciclo, os sectores de Energia e Utilities e de Bens e Serviços de Consumo, embora revelem Projeções positivas, mostram um ligeiro abrandamento, de 2 pontos percentuais, face ao trimestre passado. No primeiro caso, os empregadores declaram uma Projecção sólida de +20%, mas nos Bens e Serviços de Consumo, as perspectivas de contratação são mais conservadoras, situando-se nos +14%.

Todas as regiões apresentam intenções de contratação positivas para os meses de Janeiro a Março, com apenas a Grande Lisboa a registar um abrandamento face ao trimestre passado.

O sentimento de maior confiança nas contratações é observado na Região Sul e no Grande Porto, com os empregadores a avançarem uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +29% e +27%, respectivamente. O Grande Porto é também a região que apresenta o crescimento mais acentuado face aos meses de Outubro a Dezembro, progredindo em 13 pontos percentuais.

Seguem-se a Região Centro e a Grande Lisboa, ambas a apresentarem uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +20%. No entanto, se a primeira revela uma progressão positiva, com um aumento ligeiro de três pontos percentuais face ao trimestre anterior e de 2 pontos percentuais relativamente ao período homólogo do ano passado, no caso da segunda as intenções avançadas pelos empregadores revelam um abrandamento nas contratações, com uma diminuição de quatro e de 17 pontos percentuais, respectivamente.

O sentimento de contratação mais conservador é observado na Região Norte, com uma Projecção de +14%.

Em todas as seis categorias de dimensão de empresa verificam-se intenções de contratação positivas por parte dos empregadores nacionais para o primeiro trimestre de 2025. A evolução face ao período anterior é positiva em todas as categorias, excepto para as Médias Empresas, que mostram uma acentuada redução.

Com a previsão mais próspera estão as Grandes Empresas de até 1000 trabalhadores, com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +36%. Este valor traduz-se num aumento de cinco pontos percentuais face ao trimestre passado e de dois pontos percentuais quando comparado com os primeiros três meses de 2024. Ainda nas Grandes Empresas, o sentimento é igualmente de otimismo nas categorias de entre 1000 e 5000 trabalhadores e mais de 5000 colaboradores, ambas com Projecções favoráveis de +16% e +13%.

Os empregadores das Médias Empresas revelam um sentimento de contratação igualmente positivo, mas mais cauteloso, com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +11%, um valor que traduz uma forte desaceleração face aos três meses anteriores e ao período homólogo de 2024. Já nas Pequenas Empresas e nas Microempresas, as intenções de contratação são mais favoráveis, com as Projecções a situar-se nos +26% e +20%, respectivamente, em ligeiro aumento face ao trimestre anterior, em ambos os casos.

Para os primeiros três meses de 2025, o mercado de trabalho global permanece resiliente, com os empregadores a nível global a avançarem uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego +25%. Estas intenções reflectem uma estabilização face ao trimestre passado e ao mesmo período do ano passado.

Dos 41 países e territórios inquiridos, apenas a Argentina apresenta perspectivas de contratação negativas, mas 24 mostram uma diminuição na confiança dos empregadores face ao trimestre anterior. As Projecções mais robustas são registadas na Índia, com +40%, seguida dos Estados Unidos, a fixarem-se nos +34%, e do México, que apresenta um valor de +32%.

Apesar da incerteza, todos os países da Região EMEA, onde se situa Portugal, apresentam expectativas de contratação positivas, com a Projecção da Região a situar-se nos +19%, dois pontos percentuais abaixo do registado no último trimestre. Nessa análise entre trimestres, só seis países em 23 mostram uma evolução positiva nas perspectivas de criação de emprego.

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 40.400 empregadores, em 42 países e territórios. Os resultados completos do ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o primeiro trimestre de 2025.

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