«Equidade salarial entre homens e mulheres no desporto não seria posta em prática», afirma especialista
A antiga coordenadora Grupo de Trabalho da Estratégia Nacional para a Igualdade de Género no Desporto considerou ser demasiado ambicioso tentar colocar no plano a equidade salarial entre homens e mulheres, pois não seria posta em prática.
Numa audição na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República, Leila Marques disse que esta foi uma questão em que «foi difícil chegar a um consenso» no grupo de trabalho.
«A equidade de salários entre homens e mulheres podia ter sido colocada no plano, mas sabíamos que não ia ter realização prática. Apostámos em criar uma proposta, com linha de apoios para financiamento», afirmou.
A antiga atleta paralímpica lembrou que ainda não existe sequer uma proporcionalidade das compensações financeiras a atribuir, de acordo com os valores recebidos em cada desporto.
«É importante que as percentagens fossem as mesmas e, a partir daí, conseguir mais apoio para o desporto feminino, para que se conseguisse aumentar o apoio até que se conseguisse essa equidade. Era muito ambicioso esse passo directo para a equidade», considerou.
Para Leila Marques, é fundamental que haja «programas completos para desenvolver com educadores, professores» no primeiro ciclo, que os pais sejam sensibilizados para a importância do desporto, e que só assim Portugal conseguiria «sair da cauda da Europa».
Considerando que é necessária a «vigilância e consolidação» do plano, Leila Marques considerou que o apoio às treinadoras foi o ponto que ficou mais para trás e que ao nível do dirigismo o paradigma está a mudar, com as novas eleições nas federações desportivas, em que o género menos representado tem de ter 33% de elementos nos órgãos sociais.
«A minha perspectiva é que houve alguma dificuldade para algumas federações conseguirem organizar-se, mas há mulheres disponíveis para participar, para estar nestas funções. Acredito que trará frutos de futuro», afirmou.
Sobre a possibilidade de alargar esta medida aos clubes ou a associações de base, Leila Marques considera ser difícil, também tendo em conta a «realidade muito diferente» nos diferentes pontos do país, apostando na sensibilização local, com o apoio das equipas da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
A responsável salientou também o apoio que tem sido dada à atleta grávida, que podem manter apoios após o final da licença, durante 120 dias, para poderem regressar ao alto rendimento sem tantas preocupações financeiras, algo que espera que esteja também nos contratos-programa para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Los Angeles2028.