Estudo revela quanto ganha por mês um enfermeiro em Portugal. E também quantos dias seguidos trabalham

Em Portugal, um enfermeiro ganha, em média, 1647,10 euros brutos por mês. Ao mesmo tempo, sete em cada 10 enfermeiros trabalham em várias unidades de saúde por necessidade de um rendimento extra. 

As conclusões são estudo “Hospital <-> Casa”, um relatório realizado pela MyCareforce e pela Fullnurse, para dar a conhecer as condições de vida e de trabalho dos enfermeiros em Portugal.

O estudo mostra que oito em cada 10 refere ter um contrato de trabalho sem termo com as unidades de saúde em que actua.

Metade dos enfermeiros em Portugal já trabalharam 10 ou mais dias seguidos sem tirar uma folga. Turnos longos, poucas folgas e ainda menos descanso. É este o cenário pintado pelos dados do estudo, que mostra uma classe profissional à beira da exaustão. Em média, cada enfermeiro trabalha 163 horas por mês, usufruindo de seis folgas durante o mesmo período.

Oito em cada 10 enfermeiros (81%) já foram contactados por alguém ou a propósito de algum tema relacionado com trabalho, durante o período de férias ou de descanso. Mais de dois em cada 10 inquiridos (23%) assumem que o descanso não é suficiente para compensar as horas e a pressão do trabalho, enquanto 29% quase não conseguem aproveitar para descansar.

Já 37% afirmam que há vezes em que não conseguem descansar devido aos horários de trabalho, ao passo que apenas 11% dizem que, após os dias de descanso, se sentem revigorados. E à pergunta “quantas vezes por semana sente que começa o dia de trabalho já cansado?”, 55% respondem “duas ou três vezes por semana”, 30% “todos os dias”, 14% “raramente” e apenas 1% dizem que “nunca” começam a trabalhar com cansaço acumulado.

No culminar de tudo isto está, como esperado, um estado constante de exaustão e até de burnout que leva à necessidade de avançar para períodos de ausência ou até baixas médicas ou psicológicas.

Dois em cada 10 inquiridos já estiveram, pelo menos uma vez, de baixa médica, enquanto 42% já pensaram em fazê-lo, mas ou acharam que conseguiam aguentar mais (17%) ou que não era a altura certa devido às responsabilidades e contexto laboral (25%).

Este contexto também é importante para 5% que dizem nunca ter sentido receptividade por parte das lideranças ou das equipas para o fazer, razão apontada para nunca terem avançado para a baixa médica.

Devido às parcas condições de vida e de trabalho no sector da saúde, em Portugal, cinco em cada 10 enfermeiros (52%) já pensaram em emigrar em busca de melhores oportunidades.

Olhando para a sua situação laboral actual, e pensando em salário emocional, os enfermeiros inquiridos apontam o companheirismo no ambiente de trabalho (56%) como o factor preponderante na hora de avaliar este indicador. Seguem-se outros como a proximidade do local de trabalho (41%) e a flexibilidade de horário de trabalho (36%), como os factores mais impactantes no seu salário emocional.

Ainda assim, e quando expostos aos mesmos factores, mas questionados sobre aqueles que gostariam que os seus contratantes dessem mais importância, os resultados mostram que os enfermeiros em Portugal desejam ter mais oportunidades de progressão de carreira (47%), equilíbrio da vida pessoal e profissional (37%) e recursos no meio de trabalho (30%).

De acordo com os resultados do estudo, em que participaram 386 pessoas, em cada 10 enfermeiros, oito são mulheres.

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