Flash Talk | «Vamos mudar a invisibilidade das CEOs»

Estivemos à conversa com Marsha Firestone, presidente e fundadora da Women Presidents´ Organization, um grupo consultivo que pretende libertar a genialidade das líderes.

 

A Women Presidents´ Organization assume-se como a única organização internacional que tem mulheres CEOs e as reúne para as ajudar a acelerar o crescimento dos negócios, aumentar a competitividade e promover a segurança económica para as empresas com lucros anuais acima de um milhão de euros.

Marsha Firestone esteve em Portugal e falou-nos desta ideia revolucionária que nasceu em 1997 em Nova Iorque e hoje tem mais de 1900 CEOs mulheres, espalhadas pelos seis continentes, em 129 filiais. E que neste momento reforça a presença em Portugal.

 

Como é que se lembraram desta ideia? O que a fez despertar para esta questão, para além de ser mulher?

Aconteceu porque estava a trabalhar para uma organização não lucrativa, a American Women Economic Development Corporation, e vi que existiam muitos programas para desenvolver empresas novas, mas nada para mulheres que já tinham atingido um determinado nível de liderança. Por isso tive a ideia de as apoiar, fui ter com a administração e disse que se me escolhessem para presidente queria criar a Women Presidents´ Organization (WPO). Não me escolheram, fiquei bastante aborrecida e o meu mentor disse-me: «Pára de te queixar e cria tu a organização.» Foi o que fiz. Agora temos 113 ramos e para o ano fazemos o nosso 20.º aniversário.

 

Criou o primeiro ramo na cidade de Nova Iorque, em 1997. Fale-me da história da organização. Como é que se solidificou?

Logo em 1998, acrescentei mais dois ramos, Califórnia e estado de Nova Iorque, no ano seguinte acrescentei mais cinco ramos. E depois percebi que tinha encarado o problema de frente, porque percebi que existia uma grande necessidade de uma organização destas, daquilo que eu estava a propor, por isso comecei a acrescentar ramos em locais diferentes. Em 2000 abrimos o primeiro ramo internacional, no Canadá, e actualmente temos 12 ramos no Canadá, mas 20% dos nossos membros são globais.

As mulheres não recebem muita visibilidade e atenção. As mulheres estão escondidas e são invisíveis, mas estamos a tentar mudar isso. Vamos mudar a invisibilidade das mulheres.

Os homens com quem falo, acreditam secretamente que as mulheres gerem negócios pequenos, na verdade começamos negócios pequenos, mas as norte-americanas possuem 2% dos negócios que facturam mais de um milhão de dólares por ano em receitas. Mas os homens só têm 6%, por isso esquecem-se de acrescentar essa parte sobre os homens.

 

São um grupo consultivo constituído só por mulheres?

Temos um modelo de aprendizagem de negócio que usamos, que não é sermos nós os peritos, mas sim trazermos a experiência que já existe dentro do grupo. Dizemos que libertamos a genialidade dentro do grupo. Implica partilhar experiências e não dizer a estas mulheres o que devem fazer. Como acreditamos na partilha de experiências, como lidar com uma questão, como resolver um problema e as mulheres CEO decidem como tratar disso, porque não lhes dizemos como o devem fazer, queremos que sejam elas a tomar essa decisão.

Por isso não contratamos peritos, contratamos facilitadores que fazem sair esses génios.

A Helena Rodrigues vai tornar-se na próxima presidente do ramo em Portugal, a anterior Mariana Abrantes de Sousa assumirá outro projecto. O seu trabalho é implementar os objectivos das mulheres e aquilo que querem abordar.

 

Que retrato faz de Portugal e do tecido empresarial nestas matérias?

Começámos há cerca de dois ou três anos. Um dos nossos membros em Boston estava cá com o marido e como ele é embaixador dos EUA, ela conheceu muitas mulheres na área da Gestão e compreendeu que não existia nada do género em Portugal, por isso contactou a nossa sede e contratámos a Mariana [Abrantes de Sousa].

Acabei de chegar a Portugal, mas parece tão encantador e bonito. Cheguei esta manhã, às 10h30, ainda não tive muitas oportunidades de conhecer o País, mas gostei das pessoas que conheci, são acolhedoras, simpáticas, o que é bom.

Como se pode ver, temos aqui várias mulheres, algumas das quais já são membros, e esperamos que elas se juntem a nós. Aprendi que, acreditem ou não, existem 126 milhões de negócios que estão a começar a ser criados ou que já foram criados no mundo e cada um deles emprega pelo menos uma pessoa, por isso isto é uma questão de negócios, de gerar receitas e empregar pessoas.

Creio que estas mulheres contribuem muito para a economia e há algumas heroínas que não recebem muita atenção.

 

Como define esta Era para a mulher?

Creio que estamos num ponto de viragem, provavelmente esta é a melhor altura para as mulheres. Porque as mulheres estão a ter cada vez mais oportunidades e a ter o reconhecimento que conseguimos gerar receita e empregar pessoas. Está finalmente a chegar a nossa hora, creio que estamos no ponto de viragem, naquele ponto em que podemos ir para cima ou para baixo, e creio que iremos para cima.

 

Por TitiAna Amorim Barroso

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