Fundação da Juventude propõe criação de instituto do emprego dedicado aos jovens

A criação de um Instituto do Emprego e Formação Profissional Jovem em Portugal é uma das dezenas de propostas lançadas no âmbito das Jornadas da Juventude, que decorreram em Santa Maria da Feira.

 

Cerca de 200 jovens entre os 15 e os 30 anos de idade e de todas as regiões de Portugal reuniram-se, durante três dias, para debater, analisar e apresentar propostas de lei em temáticas tão diversas como trabalho, saúde mental, educação, violência ou sustentabilidade.

A criação de um Instituto do Emprego e Formação Profissional Jovem foi uma das propostas apresentadas ao secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, adiantou à Lusa a presidente da Fundação da Juventude, Carla Mouro.

«É uma medida que está muito bem fundamentada, que irá hoje ser apresentada e é um grande desafio para o país e que faz sentido pensar», disse a presidente da Fundação da Juventude, lembrando que a «taxa de desemprego jovem em Portugal é das mais elevadas relativamente à média europeia».

Na área do trabalho, os jovens identificaram a falta de contacto com o mercado de trabalho e sugerem implementar estágios curriculares obrigatórios no primeiro ciclo de estudos de ensino superior, «criar semanas de empreendedorismo jovem a nível nacional» e abrir estágios observacionais do ensino secundário ou pós-secundário.

A temática da saúde mental foi outra das áreas «mais trabalhadas e debatidas» na terceira edição das Jornadas da Juventude.

Segundo Carla Mouro, os estudantes querem que seja desmistificada a ideia de que o apoio para a saúde mental é para os mais fracos.

Criar um programa anual multidisciplinar com docentes de várias disciplinas, direcções regionais de saúde, psicólogos e professores e técnicos de juventude, e capacitá-los de forma a que consigam monitorizar as necessidades dos jovens, é uma das propostas lançadas neste campo.

Outra ideia é a criação de «estratégias municipais de intervenção nos agrupamentos escolares através do mindfulness [equilíbrio psicológico e emocional]» e ambiciona-se que a medida seja validada pelo Governo para todo o território nacional.

Os participantes defenderam que o tema deve fazer parte da escola como uma «qualquer outra disciplina» para que os jovens tenham plena consciência e possam tomar as suas opções.

Na temática da educação, o grupo de trabalho propõe a necessidade de «rejuvenescer a classe de professores em Portugal e a actualização das metodologias de ensino».

A metodologia de ensino utilizada hoje em dia está «completamente desactualizada», sem ter em atenção as necessidades e os interesses dos jovens, que querem aulas mais interactivas e participativas sem colocar o aluno a «ouvir, ler e fazer testes para testar», resumiu a presidente da Fundação da Juventude.

Propõem, por isso, metodologias de ensino que obriguem os alunos a procurar o tipo de conhecimento que desejem aprofundar e em que o professor seja um «pedagogo, orientador e que depois vai avaliando esse conhecimento».

Na temática da violência, os jovens propõem, por exemplo, obter mais informação junto das Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) dos seus municípios, explicou Carla Mouro.

Foram também identificadas necessidades de definir estratégias nacionais de intervenção em todos os agrupamentos escolares na área da igualdade – e sobretudo na igualdade de género, através da formação todas as pessoas que tenham um papel na educação dos jovens – e de haver disciplinas específicas (como a de Cidadania) para falar de temas fraturantes como a violência.

A redução de desperdício dentro das cidades, com a criação de “cidades zero desperdício”, foi uma das propostas da área da sustentabilidade, tal como o estabelecimento de regulamentação para o mercado de carbono voluntário, com uma lei que permita às empresas comprar e vender carbono.

Criar incentivos fiscais para a indústria têxtil, usar os resíduos como matéria-prima para desenvolver uma economia circular, e fomentar hortas comunitárias e jardins verticais foram outras ideias apontadas.

Depois das anteriores Jornadas da Juventude, realizadas em 2018, quatro medidas apresentadas pelos jovens tornaram-se leis aprovadas pelo Governo.

O objectivo do evento, desenvolvido no âmbito do projecto “A(gentes)M – Agentes de Mudança”, é mostrar aos jovens que «não é preciso estar num partido político» para conseguirem alcançar a «mudança que querem ver» no país, explicou Carla Mouro.

Ler Mais