IA Generativa no sector público pode melhorar produtividade e gerar lucros anuais de 1,62 mil milhões

As melhorias de produtividade que a Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) permite introduzir no sector público poderão gerar lucros de 1,62 mil milhões de euros (1,75 mil milhões de dólares) por ano até 2033 a nível global, em todos os níveis da administração pública, de acordo com o estudo ”Generative AI for the Public Sector: The Journey to Scale”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG).

O estudo mostra que a IA Generativa tem o potencial de tornar os governos muito mais eficientes e de impulsionar a criação de valor, sendo que as ferramentas derivadas desta tecnologia irão aumentar a produtividade dos funcionários públicos, reduzindo o tempo necessário para realizar determinadas actividades e permitindo-lhes dedicar mais atenção a tarefas prioritárias.

Adoptar esta tecnologia na administração pública não requer grandes investimentos iniciais, pelo que uma abordagem iteractiva – centrada na experiência e no desenvolvimento contínuo de capacidades em função da maturidade tecnológica da organização – é a opção mais viável. É importante que os governos comecem por experimentar ferramentas bem estabelecidas e que se inspirem em projectos-piloto de sucesso que já dominam e capitalizam a IA Generativa.

Para tirar o máximo partido da IA Generativa na administração pública, os governos devem analisar o potencial das novas tecnologias para conseguir, de forma mais eficiente, gerar valor público. A BCG destaca seis factores organizacionais fundamentais para a implementação bem-sucedida da IA Generativa no sector público:

 

1. Liderança. Os gestores desempenham um papel essencial na adopção e implementação de IA Generativa na administração pública, sendo que, de acordo com um estudo recente da consultora, 62% dos líderes dentro das organizações tende a ser optimista em relação à adopção de IA, enquanto apenas 42% dos colaboradores revela esse optimismo. Esta diferença é parcialmente explicada por disparidades na adopção desta nova tecnologia. Enquanto 80% dos líderes dizem usar IA Generativa regularmente, apenas 20% dos colaboradores de primeira linha dizem fazê-lo.

Neste sentido, os executivos devem incentivar as equipas a adoptar a tecnologia, garantir formação adequada para poderem dominar as ferramentas de IA Generativa, promover informação sobre a tecnologia e auxiliar na gestão de riscos associados de modo a fomentar a eficiência e a qualidade dos serviços prestados.

 

2. Pessoas e competências. A implementação bem-sucedida da IA Generativa no sector público requer colaboradores bem qualificados. Os governos devem investir na formação e requalificação dos Recursos Humanos, criando grupos multifuncionais com pessoas especializadas, como engenheiros e cientistas de dados, para guiar os funcionários públicos na adopção da tecnologia. Ao alinhar as iniciativas de requalificação e recrutamento com as exigências tecnológicas do mercado, a administração pública pode capacitar a sua força de trabalho para ser mais eficiente e desempenhar novas funções de valor acrescentado.

 

3. Parcerias. As parcerias estratégicas com a indústria, empresas tecnológicas e universidades são essenciais para preencher lacunas de conhecimento, promover a formação dos colaboradores, e acelerar a adoção e capitalização da IA Generativa. As organizações governamentais podem aproveitar o conhecimento externo especializado para impulsionar a inovação e o desenvolvimento nas suas instituições, utilizando as parcerias como catalisadores e aceleradores para melhorar competências, coordenar painéis e grupos de trabalho e simplificar o acesso a tecnologia de ponta.

 

4. Tecnologia. As entidades governamentais têm necessidades e níveis de preparação tecnológica diferentes, bem como restrições à utilização de algoritmos e dados. Neste contexto, a escolha e implementação da tecnologia adequada são factores cruciais para o sucesso da IA Generativa no sector público. As organizações devem avaliar cuidadosamente as plataformas e modelos disponíveis e optar por soluções prontas a utilizar, por serem mais económicas, fáceis e rápidas de executar. Deste modo, garantem maior adaptabilidade dos colaboradores à tecnologia, menos riscos associados, um crescimento mais sustentado e conformidade com as políticas de IA responsável.

 

5. Dados. Ter dados de alta qualidade é fundamental para o desempenho eficaz dos modelos de IA Generativa. Para potenciar a tecnologia dentro do sector público, os governos devem investir na modernização de infraestruturas de dados. Ao manterem uma plataforma de dados comum e bem organizada, estas entidades conseguirão tornar os dados mais acessíveis, facilitando a transição de um pequeno número de casos de uso pilotos para a integração de IA Generativa em toda a organização, obtendo ganhos rápidos de eficiência.

 

6. Políticas e governação. À medida que os governos adoptam esta tecnologia nas suas instituições, é essencial manterem um equilíbrio entre cautela e ambição, implementando limites legais, éticos e de privacidade para garantir a maximização dos benefícios da IA Generativa e uma gestão responsável e segura dos riscos.

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