Inteligência Artificial vai ser a tecnologia dominante na próxima década. Mas as pessoas estão a ser formadas para isso?
A inteligência artificial (IA) será a tecnologia dominante da próxima década, quem o diz é o Bosch Tech Compass deste ano, que revela que cerca de um quarto das pessoas já recebeu algum tipo de formação em IA no local de trabalho. O número sobe para 39% ao incluir aqueles que esperam aprender sobre IA no local de trabalho num futuro próximo.
Porém o estudo revela uma disparidade regional com a Índia (57%) e a China (38%) a registarem níveis elevados de pessoas que já receberam formação. Em contraste, os números são baixos no Brasil (14%) e na França (15%) e não muito mais altos na Alemanha (18%) e nos Estados Unidos (24%).
Os inquiridos estão divididos quanto ao nível de risco que enfrentam com a IA no que diz respeito à segurança do emprego. Enquanto 49% consideram estar ligeiramente ou fortemente em risco, uma percentagem semelhante, de 51%, acredita que provavelmente não está ou não está de todo em risco. De um modo geral, o número de pessoas que se sentem ligeiramente ou fortemente em risco é elevado, com quase metade a enquadrar-se nessas duas categorias.
Nos últimos quatro anos, registou-se uma mudança significativa na percentagem de pessoas que acreditam que a IA será importante na próxima década. Passou de cerca de 40% para 64% no ano passado, e agora para 67%. Os inquiridos na Alemanha são quem vê um potencial ainda maior nesta tecnologia, com o valor a chegar aos 72%, quando há apenas dois anos a proporção era de apenas 42% , muito embora os resultados alcançados os restantes países sejam bastantes idênticos (por exemplo, França, 70%; China, 69%, EUA, 68%).
No top das tecnologias previstas como as mais influentes nos próximos dez anos a nível mundial, a tecnologia 5G ocupa o segundo lugar, mencionada por 32% dos inquiridos, enquanto 24% referem a condução autónoma.
Quando questionados sobre se a inteligência artificial terá um impacto positivo na sociedade, o destaque vai para a China com 66% dos inquiridos a mostrarem uma visão optimista, segue-se a Inglaterra com 53% e em terceiro lugar aparecem os Estados Unidos com 41%. A nível global, a percentagem de optimistas em relação ao impacto da IA é de 43%.
Se relativamente ao impacto da inteligência artificial conseguiu avançar ainda mais a partir de um nível já elevado, algumas das tecnologias que tiveram uma classificação elevada em anos anteriores recuaram ligeiramente, como é o caso da biotecnologia, engenharia climática e do hidrogénio/células de combustível. A computação quântica também é vista como menos relevante do que em anos anteriores.
Para fazer jus à crescente importância da IA, 63% dos inquiridos em todo o mundo afirmar que gostariam que esta fosse ensinada como uma disciplina independente nas escolas. Num cômputo geral, em algumas regiões, a resposta está próxima de 50–50, mas fora dos países ocidentais, a percentagem de pessoas que concordam com a afirmação de que “a IA deve ser uma disciplina independente nas escolas” aumenta. Na China, esse número chega a 84%.
Para 41% dos entrevistados na Alemanha, as competências em IA já são importantes nos seus empregos atuais; globalmente, 56% acreditam que essas competências são muito importantes. A França, onde a percentagem correspondente é de 38%, é o único país onde o valor é ainda mais baixo do que na Alemanha. Na Índia, por outro lado, 83% das pessoas já necessitam dessas competências para o seu trabalho.
Em relação ao dia-a-dia, a grande maioria das pessoas na China (91%) acredita que as competências em IA serão importantes no futuro, e uma percentagem semelhante de entrevistados na Índia (89%) concorda também com esta perspetiva. Coletivamente, os países ocidentais apresentaram pontuações semelhantes, com uma variação entre 56% e 64%. A nível global, 71% dos entrevistados esperam que as competências em IA sejam “importantes” ou “muito importantes” no futuro.
Enquanto mais de uma em cada duas pessoas em todo o mundo já utiliza IA pelo menos ocasionalmente no trabalho, o valor correspondente para a Alemanha é de apenas cerca de 45%. Na China e na Índia, 69% já utilizam IA no local de trabalho.
Este estudo inquiriu mais de 11 mil pessoas em países como Brasil, China, France, Alemanha, Índia, Reino Unido e Estados Unidos da América (EUA).