Intenções de contratação estão a diminuir em Portugal. É o país da região EMEA com a segunda maior redução trimestral

A incerteza do cenário macroeconómico e político nacional e global está a gerar uma maior cautela e uma diminuição das intenções de contratações para o segundo trimestre de 2024. Ainda assim, 42% dos empregadores esperam manter o seu actual número de colaboradores e 33% antevêem mesmo aumentar as suas equipas no próximo trimestre, face a 22% que pretendem reduzir.

 

Estes são dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey que revelam, assim, uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +11% para o segundo trimestre de 2024, um valor já ajustado sazonalmente e que traduz uma descida de 17 pontos percentuais face ao trimestre anterior e de cinco pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Estes valores posicionam Portugal 11 pontos percentuais abaixo da média global e quatro pontos percentuais abaixo da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África). O país apresenta, assim, a segunda maior redução trimestral das intenções de contratação a nível global, a par da Roménia, e abaixo de Porto Rico, que cai 19 pontos percentuais. A nível da região EMEA, Portugal é o país com o maior abrandamento entre trimestres, juntamente com a Roménia.

Na Região EMEA, onde se situa Portugal, a Projecção para a Criação Líquida de Emprego é de +15%, situando-se seis pontos percentuais abaixo da registada no último trimestre. A região continua, assim, a apresentar as intenções mais baixas entre as quatro analisadas a nível global e que incluem a América do Norte (+31%), a América Central e do Sul (+19%) e Ásia Pacífico (+27%).

Dos 42 países e territórios inquiridos, embora apenas dois apresentem perspectivas de contratação negativas, 39 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior e 25 revelam também este abrandamento face ao mesmo período do ano passado.

A nível mundial, é a Índia que avança com a Projecção mais optimista, de +36%, seguida dos Estados Unidos, com +34%. Por outro lado, é na Roménia que a Projecção é mais reservada, com -2%, seguida da Israel, com -1%, e da Argentina, com +1%.

Apesar da actual conjuntura, os empregadores de oito dos nove sectores analisados em Portugal esperam aumentar as suas equipas no segundo trimestre do ano, com apenas o sector dos Transportes, Logística e Automóvel a revelar intenções de contratação negativas.

Contudo, quando comparamos com o trimestre anterior, as previsões enfraquecem em oito sectores, fortalecendo-se em apenas um. Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o ritmo de contratação enfraquece em cinco de nove sectores, sendo mais forte em dois e mantendo-se estável noutros dois.

O sector dos Serviços de Comunicação, que inclui as Telecomunicações e os Media, é o que apresenta as intenções de contratação mais robustas, com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +38%. Esta Projecção representa, porém, uma descida considerável de 12 pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas uma subida de três pontos percentuais quando comparada com o mesmo período do ano passado.

Os empregadores do sector das Tecnologias de Informação revelam-se os segundos mais optimistas, com uma Projecção sólida de +22%. Este valor traduz, no entanto, uma redução acentuada de 35 pontos percentuais face ao trimestre anterior, sendo o segundo sector com a maior descida entre trimestres.

Os empregadores do sector de Bens e Serviços de Consumo revelam também intenções de contratação respeitáveis, com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego a situar-se nos +16%, o que espelha uma subida de dois pontos percentuais face ao período entre Janeiro e Março do presente ano e uma estabilização comparativamente ao período homólogo do ano passado.

Seguidamente, os sectores da Energia e Utilities e da Indústria Pesada e Materiais avançam ambos com Projecções positivas de +10%. No caso do primeiro, apesar do sentimento optimista, este valor apresenta uma descida acentuada de 24 pontos percentuais face ao trimestre passado, e de 19 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Já o sector da Indústria Pesada e Materiais regista um abrandamento considerável de 14 pontos percentuais quando comparado com os primeiros três meses do ano, e de cinco pontos percentuais face ao mesmo período de 2023.

Embora menos optimista, o sector das Finanças e Imobiliário avança com uma Projecção positiva, mas moderada, em relação ao aumento das suas equipas, fixando-se nos +6%. Este valor revela, contudo, uma queda de 28 pontos percentuais quando comparado com os últimos três meses.

Segue-se o sector da Saúde e Ciências da Vida, que se fixa nos +3%, registando também uma redução acentuada, de 26 pontos percentuais, face ao primeiro trimestre de 2024 e uma estabilização relativamente ao período homólogo de 2023.

Por fim, a área dos Transportes e Logística é a única com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego negativa, de -7%, acusando, assim, o impacto do abrandamento nas trocas comerciais e nos indicadores de consumo, bem como das perturbações nas cadeias de abastecimento globais. Desta forma, a Projecção diminui de forma acentuada, em 43 pontos percentuais em relação ao trimestre passado, e 21 pontos percentuais face ao mesmo período do anterior ano.

Os empregadores de todas as regiões avançam com previsões de contratação positivas para o segundo trimestre de 2024, ainda que se registe um abrandamento nas perspectivas de todas face aos primeiros três meses do ano. Não obstante, comparativamente com o período homólogo de 2023, três das regiões – Região Norte, Região Centro e Região Sul – evoluem positivamente.

A Região Sul é a que apresenta uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego mais optimista, a fixar-se nos +24%, reflectindo assim o impacto das necessidades de contratação em preparação para a época alta do turismo. Esta Projecção revela mesmo uma evolução positiva de seis pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.

Seguem-se a Região Norte e a Grande Lisboa, com Projecções de +15% e +12%, respectivamente. No que diz respeito à primeira região, a previsão demonstra uma redução moderada de sete pontos percentuais comparativamente com o trimestre passado, mas um ligeiro aumento de dois pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Já na Grande Lisboa, as intenções avançadas pelos empregadores revelam uma diminuição acentuada de 25 pontos percentuais face ao período compreendido entre os meses de Janeiro e Março deste ano, e uma ligeira redução de quatro pontos percentuais quando comparada com o segundo trimestre do ano passado.

O Grande Porto apresenta uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego cautelosamente optimista de +9%, o que equivale a um abrandamento acentuado de 20 pontos percentuais, tanto face ao início do ano como em comparação com o mesmo período em 2023.

Por último, mas também com uma Projecção positiva, surge a Região Centro a registar uma Projecção de +6%. Apesar de este ser um valor que vem revelar uma descida considerável de 12 pontos percentuais entre trimestres, traduz uma relativa estabilização quando comparado com o período homólogo de 2023, aumentando um ponto percentual.

Grandes Empresas entre 1000 e 5000 trabalhadores e de mais de 5000 trabalhadores registam as intenções de contratação mais optimistasEm cinco das seis categorias de dimensão de empresa analisadas, os empregadores avançam com previsões de contratação positivas para o segundo trimestre de 2024, com apenas uma categoria a não avançar qualquer alteração nas intenções de contratação. Não obstante, todas as dimensões de organização assumem uma evolução negativa face ao primeiro trimestre de 2024.

Com a previsão mais saudável estão as Grandes Empresas entre 1000 e 5000 trabalhadores e de mais de 5000 trabalhadores, ambas com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +24%. No caso das primeiras, este valor traduz-se num decréscimo de seis pontos percentuais face ao primeiro trimestre de 2024 e de quatro pontos percentuais se comparado ao segundo trimestre de 2023.

Já as Grande Empresas de mais de 5000 trabalhadores revelam uma subida nas suas intenções de contratação de sete pontos percentuais face ao trimestre passado, e de 10 pontos percentuais quando comparadas ao período homólogo de 2023.

Seguem-se as Pequenas Empresas, com uma Projecção de +13%, que ainda assim, revelam uma descida de oito pontos percentuais face ao trimestre passado, e as Médias Empresas, com intenções de contratação favoráveis de +11%.

Por fim, os empregadores das Microempresas e das Grandes Empresas de até 1000 trabalhadores são os que avançam com as intenções de contratação modestas, com o valor a fixar-se nos +2% e em 0%, respectivamente. Estas últimas são mesmo as que apresentam a maior descida face ao trimestre anterior, com menos 34 pontos percentuais.

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou 40 077 empregadores, em 42 países e territórios. O próximo estudo será divulgado em Junho de 2024 e comunicará as expectativas de contratação para o terceiro trimestre do ano.

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