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Investimento de cerca de 65 mil milhões de euros em inovação na área da saúde salvaria 6,5 milhões de vidas
O relatório ‘Healthcare in a Changing Climate: Investing in Resilient Solutions’A da Oliver Wyman, em colaboração com o Fórum Económico Mundial, revela que um investimento de 65 mil milhões de dólares em vacinas, medicamentos, dispositivos médicos e tecnologia na área da saúde poderia salvar até 6,5 milhões de vidas, reduzir as perdas económicas globais em 5,57 mil milhões de euros e prevenir doenças e deficiências significativas causadas pelas alterações climáticas.
O relatório tem por base o primeiro estudo sobre as consequências sanitárias das alterações climáticas, realizado no ano passado para o Fórum Económico Mundial, intitulado ‘Quantifying the Impact of Climate Change on Human Health’, elaborado pela Oliver Wyman e pelo próprio Fórum. Este estudo previa que a crescente frequência e intensidade das catástrofes naturais relacionadas com as alterações climáticas provocariam mais 14,5 milhões de mortes e causariam perdas económicas no valor de 12,01 mi milhões de euros até 2050.
O último relatório de 2025 destaca a urgência de mitigar os efeitos das alterações climáticas na saúde, sobretudo nas regiões menos desenvolvidas economicamente. Além disso, sublinha o papel crucial das ciências da saúde na luta contra as alterações climáticas e a necessidade de colaboração entre governos, academia, sociedade civil e sector privado, tomando como referência os esforços realizados durante a pandemia de COVID-19, que permitiram desenvolver vacinas eficazes em menos de um ano.
Prevê-se que os efeitos das alterações climáticas na saúde sejam sentidos por toda a Europa, com o aumento das temperaturas e as alterações nos padrões climáticos a afectarem os sistemas de saúde pública. Entre as ameaças mais destacadas que o continente europeu enfrentará, encontra-se a propagação de doenças transmitidas por vetores, como a malária e o dengue. De acordo com o relatório, já foram reportados casos de dengue e malária na América do Norte e na Europa, com projecções que indicam que 500 milhões de pessoas a mais poderão estar expostas a essas doenças até 2050.
As alterações climáticas estão a provocar impactos graves, como ondas de calor e secas extremas, que já afectam cerca de 40 milhões de pessoas em África, que vivem em condições de seca severa. As ondas de calor destacam-se como o evento climático com o maior impacto económico, com um custo global estimado de 7,82 mi milhões de euros até 2050, enquanto as inundações representam o maior risco de mortalidade, com projecções de 8,5 milhões de mortes adicionais para o mesmo ano.
Este impacto das ondas de calor é atribuído principalmente à perda de produtividade e aos efeitos adversos na saúde das populações mais vulneráveis, como os idosos e aqueles que vivem em condições de pobreza. Na Europa, o calor extremo teve consequências devastadoras em 2022, com mais de 62 mil mortes registadas entre maio e Setembro. A nível global, estima-se que as ondas de calor possam causar mais 1,6 milhões de mortes até 2050, agravando as desigualdades sociais e económicas nas regiões mais afectadas.
As alterações climáticas não representam apenas uma ameaça para a saúde, mas também provocarão um impacto profundo na economia global. O relatório destaca que, embora as regiões menos desenvolvidas economicamente sejam as mais afetadas pelos impactos climáticos na saúde, a Europa também enfrentará perdas económicas significativas. Apesar de a taxa de mortalidade projectada na Europa ser quase 14 vezes menor do que na África, o continente europeu terá de enfrentar desafios consideráveis em saúde pública e na sua economia, devido ao aumento das ondas de calor, secas e doenças relacionadas com as alterações climáticas.
O relatório sublinha a necessidade de os sistemas de saúde, sobretudo na Europa, reforçarem a sua resiliência face aos efeitos do clima. Isso inclui investimentos em infraestruturas adaptadas a eventos extremos, assim como garantir a capacidade de resposta dos serviços de saúde à crescente procura causada pelas crises de saúde induzidas pelo aquecimento global. Agir de forma proactiva permitirá reduzir o impacto económico e sanitário dessas ameaças.
Neste contexto, com um investimento de 65 mil milhões de dólares durante um período de cinco a oito anos, seria possível abordar 36 necessidades médicas não cobertas, que o relatório identifica como prioritárias para doenças que deverão agravar-se devido ao aquecimento global, como a já mencionada malária ou dengue, bem como doenças relacionadas com o calor, hipertensão, transtornos de stress pós-traumático e asma. No entanto, para que isso seja eficaz, o investimento deve ser feito o mais rapidamente possível, proporcionando o tempo necessário para o desenvolvimento, aprovação e comercialização de novos produtos de saúde.
Para enfrentar esses desafios, é necessário defender uma abordagem global que integre os dados climáticos e de saúde, melhorando a previsão das doenças de origem climática e as respostas de saúde pública. O relatório identifica ainda estratégias de alta prioridade, como tornar os sistemas de saúde locais resilientes ao clima, aproveitar a inovação do sector privado e alocar recursos governamentais para uma resposta global robusta. Destaca também que abordar os determinantes sociais da saúde, como a estabilidade económica e o acesso à educação, é crucial para mitigar os efeitos adversos das alterações climáticas nos resultados de saúde e garantir a resiliência dos sistemas de saúde globais.