Liderança no feminino ganha espaço nas organizações
Estudo apresentado em parceria pela Boyden e a ESSEC Business School aponta uma modificação ao actual modelo de corporate governance em resultado do aumento do número de mulheres em posições de liderança nas organizações. As conclusões obtidas têm por base a entrevista a 50 mulheres em cargos de alta direcção em empresas a nível global.
A Boyden global executive search apresentou recentemente os resultados de um estudo sobre “Liderança e Poder no feminino”, em que aponta para uma mudança do modelo de corporate governance actual face ao crescente número de mulheres em posições de topo nas organizações. A introdução de competências “femininas” surge como ferramenta essencial para uma liderança mais flexível, inclusiva e mais adaptada à mudança.
Para Fernando Neves de Almeida, country president da Boyden Portugal, «o modelo típico de liderança foi moldado por décadas durante as quais as organizações contemporâneas tinham na sua direcção exclusivamente gestores do sexo masculino. A inclusão crescente de mulheres nesta tipologia de cargos levanta algumas questões, nomeadamente sobre que impacto esta tendência poderá ter na estratégia de governance de uma organização. Apesar de possíveis incógnitas esta é uma oportunidade para potenciar a mudança e para disponibilizar às empresas maior diversidade na liderança e uma eficiência acrescida».
O modelo “masculino” de liderança e de relação nas organizações inclui um determinado número de traços comportamentais – tais como o não demonstrar emoção ou o carácter quase agressivo da competição. Até há não muito tempo apresentava-se mais fácil para as profissionais adoptar e enquadrar-se neste modelo dominante para conseguir alcançar cargos de chefia.
A opinião actual é a de que o gestor, seja este homem ou mulher, deve tentar unir as competências masculinas (carisma, liderança, imparcialidade, capacidade de tomar decisões) às femininas (capacidade de estabelecer relações, empatia, abertura à opinião de terceiros, organização, conhecimento) no sentido de estabelecer um modelo misto de liderança que incorpore o quociente feminino.
Este modelo feminino de relação com o poder parece estar mais adaptado ao modelo de empresa mais flexível exigido pela evolução actual do panorama de negócios. Uma forma mais emocional de pensar encontra-se mais a par de uma liderança humanista, que integra a diversidade e a intuição, e exige a tomada calculada de riscos em detrimento de decisões precipitadas. Este facto faz com que um gestor do sexo feminino mais facilmente adopte uma visão a longo prazo, ao conferir um peso acrescido a questões relacionadas como a sustentabilidade por oposição a vantagens imediatas.
O estudo “Women and their Relationship to Power: still a taboo or a new corporate governance model?” foi realizado em parceria com a ESSEC Business School, de Paris, e teve por base a entrevista a meia centena de mulheres em cargos de alta direcção.