Mais de metade das empresas deste sector já utiliza ferramentas de IA. Não é TIC e o valor supera a média das empresas em Portugal

O estudo “O impacto da IA no Mundo do Trabalho” da Experis revela que mais de metade das empresas do sector dos Transportes, Logística e Automóvel (54%) já utiliza ferramentas de Inteligência Artificial (IA), superando assim a média das empresas em Portugal, que se situa nos 41%, sendo o sector que, até hoje, mais implementou esta ferramenta, após o sector das Tecnologias da Informação.

O estudo, que analisa as respostas dos empregadores do sector para compreender de forma mais clara a adopção actual e futura de IA, mostra que as empresas dos Transportes, Logística e Automóvel planeiam, ainda, acelerar esta implementação de tecnologias de IA nos próximos anos. Num horizonte a três anos, 82% esperam já ter integrado estas novas tecnologias na sua actividade, sendo que apenas 14% das empresas do sector não consideram ou rejeitam a adopção de IA.

A maioria (65%) dos trabalhadores deste sector, em todos os níveis hierárquicos, acredita que a IA terá um impacto positivo no futuro do trabalho, apresentando o mesmo nível de optimismo que a média nacional. No entanto, esse sentimento varia com base no nível hierárquico, com os trabalhadores de linha da frente a revelarem um maior pessimismo.

Efectivamente, o desenvolvimento da automação e da IA levanta preocupações legítimas sobre impacto no emprego, especialmente para aqueles que ocupam funções com uma maior predominância de tarefas repetitivas e rotineiras, como pode ser o caso de muitas funções deste sector. Ao mesmo tempo, novas funções irão igualmente surgir, à medida que os trabalhadores têm mais tempo para se concentrarem em funções mais complexas e estratégicas.

O estudo indica que a transição para funções orientadas para a IA pode exigir novos conjuntos de competências, deixando alguns trabalhadores potencialmente despreparados. Investir em programas de upskill e reskill que capacitem os trabalhadores da linha de frente com as competências necessárias para se adaptar às novas tecnologias e assumir funções mais complexas será por isso um desafio fundamental para os empregadores deste sector.

Os empregadores do sector apontam, igualmente, algumas preocupações na adopção da IA nas suas organizações. O alto custo de investimento surge como o principal desafio para estas empresas, seguido da preocupação com a resistência dos profissionais à mudança. Entre os principais desafios encontram-se ainda a falta de competências necessárias para usar a IA de forma eficaz e a falta de ferramentas e plataformas apropriadas.

Alguns empregadores consideram ainda que os dados da organização estão mal estruturados para usar IA, e que implementar esta ferramenta de forma eficaz é um processo muito complexo. Finalmente, surgem preocupações com a privacidade e a regulamentação da IA, com a resistência dos líderes à mudança e com a identificação de casos de uso relevantes.

Quando questionados sobre o impacto da IA nas empresas nos próximos dois anos, os empregadores deste setor antecipam maioritariamente impactos positivos, com 74% a considerar que esta será benéfica para o desempenho geral das empresas até 2026. Além disto, 46% acreditam que a implementação de IA levará mesmo ao crescimento das equipas, contrariando assim a perceção comum de que as novas ferramentas tecnológicas substituirão os profissionais.

Este sentimento de confiança estende-se igualmente às necessidades de formação de trabalhadores (71%), aos processos de upskilling e reskilling (66%) e ao compromisso das equipas (63%), entre outros.

Os empregadores do sector dos Transportes, Logística e Automóvel acreditam, de uma maneira geral, que as tecnologias baseadas em IA terão um impacto positivo nas diversas operações das suas empresas. Ao mesmo tempo, a maioria da força de trabalho acredita que esta transição contribuirá positivamente para o futuro do trabalho. Para que isto aconteça, é fundamental que, nos próximos anos, estas tecnologias sejam implementadas de forma responsável e centrada nas pessoas, permitindo assim que tanto os profissionais como as organizações consigam promover uma transição inclusiva e eficaz.

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