McKinsey revela qual a produtividade das micro, pequenas e médias empresas (quando comparadas com as grandes) e o impacto que isso tem na economia

A produtividade das pequenas empresas é apenas metade quando comparada com as grandes empresas, e menos ainda nas economias emergentes. Aumentar a produtividade das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) para níveis do quartil superior em relação às grandes empresas equivale a 5% do PIB nas economias avançadas e a 10% nas economias emergentes.

 

As conclusões são do novo relatório “A microscope on small businesses: Spotting opportunities to boost productivity” do McKinsey Global Institute (MGI), que analisa, de forma detalhada, as MPMEs, para detectar onde existem oportunidades, com o objectivo de traçar um caminho para que estas empresas alcancem uma maior produtividade.

A produtividade relativa das MPMEs e das grandes empresas varia de acordo com o subsector de actividade e o país onde operam. Por exemplo, em praticamente todos os países, oito dos 24 subsectores representam mais de 60% da diferença de produtividade na indústria transformadora; mas os restantes variam de país para país

A produtividade das MPMEs e das grandes empresas evolui em paralelo na maioria dos subsectores, o que indica a existência de influências mútuas se forem criadas as condições adequadas. Por exemplo, as MPMEs do sector automóvel ganharam eficiência operacional através de interações sistemáticas com fabricantes de equipamento original, e os pequenos developers de software beneficiaram de ecossistemas de talento e capital humano criados por empresas maiores.

As MPMEs são responsáveis por cerca de metade do PIB mundial. No entanto, ao analisar, de forma isolada, a variável produtividade, os resultados variam significativamente entre as diferentes economias. No caso de Portugal as MPMEs apresentam 66% da produtividade das grandes empresas, ultrapassando as outras economias avançadas, cuja média é de 60%.

No entanto, esta percentagem deve-se, essencialmente, ao fraco desempenho de algumas grandes empresas. Portugal apresenta um panorama empresarial micro-centrado, com quase dois quintos do emprego em MPMEs, em comparação com menos de um terço noutras economias avançadas.

O estudo mostra que a redução da diferença de produtividade entre as MPME e as grandes empresas equivale a 4,4% do PIB nacional. Os sectores que mais valorizam com a redução das diferenças de produtividade em Portugal são o Comércio (mais de 30%), a Indústria Transformadora e os Serviços Administrativos (ambos entre 20% e os 30%, bem como os subsetores como da gestão administrativa, comércio grossista, comércio a retalho, alojamento e fabrico de produtos de papel, borracha e plásticos. Na globalidade das economias avançadas este valor representa 5% do PIB e 10% nas economias emergentes.

Olhando para os subsectores de actividades, verifica-se que um quarto do valor acrescentado das MPMEs em Portugal tem origem em subsectores em que estas empresas já têm um desempenho superior em comparação com as grandes empresas. Permitir que as empresas mais pequenas se tornem grandes empresas constitui uma oportunidade para a economia do país.

O relatório do Mckinsey Global Institute mostra, assim, que a produtividade das grandes empresas evolui em paralelo com a das pequenas empresas nos subsectores de actividades, o que contribui para a redução da diferença entre companhias de diferentes dimensões. Em todo o mundo, em dois terços dos subsectores de actividade, a produtividade das MPMEs e das grandes empresas anda de mãos dadas.

As MPMEs que interagem estreitamente com outras empresas, muitas vezes de maior dimensão, mostram ter uma diferença de produtividade 40% menor em relação às grandes empresas. Uma das explicações poderá ser o facto de as MPMEs venderem principalmente a particulares (business to consumer), o que sugere que a melhor abordagem para incrementar a produtividade consiste em criar um tecido económico adequado para todas as empresas, independentemente da sua dimensão.

Nos 16 países que examinámos, as MPMEs representam dois terços do emprego empresarial nas economias avançadas — e quase 4/5 nas economias emergentes — além de metade de todo o valor gerado. Impulsionam o dinamismo e irão desempenhar um papel importante na preservação da competitividade numa era de transformação a produção global.

Nos subsectores em que tanto as pequenas como as grandes empresas estão atrasadas, a melhoria de infraestruturas e das políticas podem visar ambas em conjunto. Nos casos em que as MPMEs têm maiores dificuldades, mas onde se verifica um desempenho superior das empresas de maiores dimensões, a criação de redes de colaboração entre elas irá ajudar. Mesmo nos casos em que tanto as grandes como as pequenas empresas têm bons resultados, o reforço das suas interacções pode aumentar a produtividade.

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