Meeting Point: O futuro do trabalho
“O Futuro do Trabalho” foi o tema proposto para reflexão no âmbito da rubrica “Meeting Point”. Estudos indicam que daqui a 10 anos a força de trabalho necessária irá reduzir drasticamente. Como adaptar pessoas e organizações, competências e formas de trabalho, às novas tecnologias e que impacto isso pode ter na estrutura das equipas?
A metanóia que precisamos de “instalar”
Por Hugo Sousa, Digital Transformation enthusiast e Digital Transformation adviser no Ministério da Justiça de Portugal
Estive recentemente num evento onde a frase que mais retive e até tweetei foi “Never give a task to a human that can be done by a machine”. Na sala estavam vários decisores com influência nas principais organizações do setor privado e público em Portugal. Penso que nenhum dos presentes na sala era cientista/ investigador, mas sim “pessoas normais” que hoje têm à sua disposição a capacidade de colocar seres de silica – computadores de toda a “forma e feitio” – a realizar tarefas de baixo e de elevado valor acrescentado, substituindo assim os seres de carbono – nós, humanos!. Ninguém contrariou a frase do orador. O que significa isto?
Esta temática tem assumido alguma relevância preocupação dado que, pela primeira vez na história, começamos a ficar aptos a fazer esta substituição. Não é uma questão de “se vai acontecer”, é uma questão de “quando” é de “o que é que me vai acontecer”. Quanto mais depressa passarmos por esta “metanóia”, ou seja, por esta mudança de modelo mental, mais depressa conseguiremos tirar partido da situação pela positiva.
Aos gestores cabe pensar no que é que têm que fazer já para reinventar a sua organização pública ou privada. Ao indivíduo, de todas as idades, cabe preocupar-se se a sua profissão está em vias de ser substituída e, acima de tudo, quando! Cabe a cada um de nós começar a preparar-se para este “rise of the machines”. Se até agora “apenas” competimos com outras pessoas e, com muito esforço, conseguíamos superar este desafio, “agravado” pelo da globalização, competir com máquinas será certamente muito mais desafiante dado que possuem maior capacidade de processamento, trabalham 365 dias por ano sem se queixarem, sem sindicatos, sem necessidade de reuniões para sincronismo de informação, etc. Como competir então? Reinventando. Testando novas formas de fazer as coisas. Testando novas formas de vida. Fora da zona de conforto. Fora do status quo.
Teste a sua reinvenção liderando já a sua própria transformação digital. Não faça “como alguns taxis” que lutam contra a inovação em vez de assumirem que o mundo mudou. “Uberize-se”.
(Texto escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor desde 2009.)
Sobre “O futuro do trabalho” leia também os artigos “A IA libertará recursos para produzir trabalho com significado“, de Luísa Fernandes, directora de Recursos Humanos da Primavera BSS, e “Alavancar as nossas habilidades únicas nas novas capacidades das “máquinas”, de Inês Pina Pereira, head of People Culture na WeDo Technologies.