Mês Pride: Aceleremos a normalização (e em todos os meses)

No passado mês de Junho celebrou-se o mês Pride, um mês em que se comemoraram os anos de luta pelos direitos e igualdade da comunidade LGBTQIA+.

Por Cláudia Cerqueira, Coach na GoodHabitz

 

Durante o mês de Junho, o mundo em geral – e o mundo corporativo em particular -, deu especial atenção à emancipação e aceitação de pessoas (L) lésbicas, (G) gays, (B) bissexuais, (T) transexuais, travestis, transgénero, (Q) queer, (I) intersexo, (A) assexuais e de todas as restantes possibilidades de orientação sexual e identificação de género que existam (+).

Apesar desta ser a altura em que mudamos a fotografia de perfil nas redes sociais para apoiar esta comunidade, enquanto sociedade ainda não estamos suficientemente informados para entender e aceitar realidades diferentes da “convencional”. Sobretudo no mercado de trabalho, este ainda é um tema “escondido”, levando a que não exista uma integração natural das pessoas LGBTQIA+.

No entanto, as pessoas que se identificam com esta comunidade estão a tornar-se cada vez mais visíveis na sociedade mais conservadora e no mercado laboral.

De acordo com dados de 2021 da consultora Gallup, cerca de 20% da geração que está a entrar agora no mercado de trabalho – a Geração Z – faz parte da comunidade LGBTQIA+ – fazendo com que seja fundamental para as empresas implementarem estratégias que tornem o ambiente organizacional mais “naturalmente” inclusivo.

Acredito que estamos assim a assistir a um movimento social que está a ganhar força, mas ainda com um longo caminho a percorrer – não sei se rápido ou lento, mas definitivamente longo. Estamos ainda numa fase de consciencialização – mais ou menos informada – que dará lugar a uma fase da aceitação informada e consequente normalização.

Neste sentido, como devem as empresas promover um entendimento natural desta realidade social que tem sido ignorada desde sempre?

Começando por quem está, pelos próprios trabalhadores, começando por actuar de dentro para fora. E não falo da consciencialização através da “piada fácil” que, a existir, terá de existir para todos de forma geral e não apenas para um grupo específico de pessoas. Falo de uma consciencialização fundamentada, através de ações que promovam a informação, como as que são promovidas pela Casa Qui, por exemplo, sobre igualdade de género, orientação sexual e identidade ou expressão de género e características sexuais.

Por ser visto nas empresas como um tema sexy e apelativo porque é actual, a inclusão e diversidade é muitas vezes um isco para captar talento jovem. A verdade é que é também uma ferramenta poderosa de employer branding, que faz todo o sentido desde que haja continuidade. Ou seja, desde que as empresas promovam efectivamente um ambiente inclusivo e diverso em toda a estrutura organizacional e não só no processo de atração de talento e recrutamento. A verdade é que a diversidade é sempre benéfica e as empresas beneficiam com ela.

E com isto não falo apenas de diversidade de género, mas também de identificação social ou diversidade de gerações – este é o melhor cenário que qualquer empresa pode ter para evoluir e construir boas histórias e experiências. Como tal, é urgente acelerar este processo de entendimento social sobre o tema que nos levará a uma consequente normalização. Acredito que este processo pode dar-se como bem-sucedido quando a sociedade normalizar que pessoas são pessoas, independentemente da sua orientação sexual ou identificação social.

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