Mulheres qualificadas ganham menos 26% do que os homens, em Portugal
De acordo com um estudo da CGTP, as mulheres trabalhadoras têm, em média, salários base 14,5% mais baixos do que os homens e as que têm qualificações mais altas ganham menos 26,1% que os seus colegas.
A análise foi feita pela Intersindical com base em postos de «trabalho igual ou de valor igual», considerando as remunerações base no sector privado e no sector empresarial do Estado.
De acordo com o estudo, a diferença salarial entre homens e mulheres é maior nas empresas privadas (22,5%), que nas empresas públicas (13%).
A desigualdade é ainda mais elevada quando são comparados os ganhos nas qualificações mais altas, atingindo um diferencial de 26,1% entre os quadros superiores.
Quando comparados os ganhos mensais, e não apenas o salário base, o diferencial global atinge 17,8%, já que os homens fazem mais trabalho extraordinário e recebem mais prémios.
Segundo a CGTP, as mulheres são muitas vezes penalizadas na atribuição de prémios devido às ausências ocorridas, sobretudo relacionadas com a assistência à família.
O estudo da central sindical, mostra ainda que a par da diferença salarial, as mulheres ocupam com maior frequência postos de trabalho em que apenas se recebe o salário mínimo nacional. Em Abril de 2019 cerca de 31% das mulheres recebiam o salário mínimo, face a 21% dos homens.
Na Administração Pública, a desigualdade verifica-se no acesso de mulheres a cargos dirigentes, sendo que elas apenas são 40% do total de dirigentes superiores, apesar de constituírem 59% dos trabalhadores do sector, o que depois se reflete nos salários.
O estudo destaca ainda a precariedade laboral, verificando-se que mais de 32% dos trabalhadores por conta de outrem têm vínculos precários em Portugal no conjunto dos sectores público e privado, afectando mais de 1300 mil trabalhadores.
Considerando só o sector privado, a precariedade ultrapassava os 36%. O trabalho precário atinge sobretudo os mais jovens e as mulheres, 40% dos menores de 35 anos têm vínculos precários e mais de metade são mulheres.
«Além da insegurança laboral e de um mecanismo de chantagem, a precariedade é utilizada para pagar salários, em média, 30% mais baixos aos trabalhadores com vínculos precários, do que aos trabalhadores com vínculo efetivo», destaca-se, citando dados dos Quadros de Pessoal.