Nível de ensino tem cada vez maior impacto na empregabilidade dos jovens. Veja os números

O estudo “A educação e os seus efeitos sobre as oportunidades dos jovens” mostra que a diferença entre a taxa de emprego dos jovens portugueses com um nível de ensino básico e os licenciados aumentou 6,6 pontos em 20 anos, sendo mais elevada entre os estudantes com ensino superior.

 

O relatório incluído no dossier Jovens, oportunidades e futuro, do Observatório Social da Fundação ”la Caixa”, revela que m 2021, a taxa de emprego dos jovens de 25-34 anos com formação universitária ou profissional era de 84%, em comparação com 69,6% de emprego entre os jovens com ensino primário ou secundário, uma diferença de 14,4%. Em 2001, o emprego dos jovens com ensino superior foi de 90,7%, e a dos jovens com o ensino básico foi de 82,9%.

Numa perspectiva europeia, entre 2001 e 2021, a diferença aumentou em mais de 6 pontos a favor dos jovens com ensino superior. Enquanto a taxa de emprego dos jovens de 25-34 anos com diploma superior era de 85,1% em 2021, a empregabilidade dos jovens europeus com ensino primário ou secundário era de 56%, uma diferença de 29,1%. Em 2001, a taxa de emprego dos jovens com ensino superior era de 85,3% e a dos jovens com ensino básico era de 62,6%, uma diferença de 22,7%.

Liderado por Lígia Ferro, da Universidade do Porto, e Pedro Abrantes, da Universidade Aberta e do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, o estudo analisa a evolução educativa dos jovens portugueses e o impacto que esta teve nas suas oportunidades de emprego nas últimas duas décadas, utilizando dados comparativos do Eurostat e da OCDE.

«O nível educativo dos jovens tornou-se um fator ainda mais decisivo para as suas oportunidades no mercado de trabalho. Esta tem sido uma tendência constante ao longo das duas últimas décadas e continuou a ser observada em 2022 e 2023, segundo dados publicados este ano. Além disso, é uma tendência mais forte entre as raparigas. Por outras palavras, a desigualdade entre homens e mulheres aumentou para as jovens com baixos níveis de escolaridade, mas quase desapareceu entre quem tem formação superior», afirmou o coautor do estudo, Pedro Abrantes.

A comparação, no mesmo período, entre os jovens com formação superior e os que concluíram o ensino secundário (cursos científico-humanísticos e profissionais) revela igualmente um aumento do diferencial da taxa de emprego em mais de seis pontos a favor dos primeiros.

Assim, enquanto a taxa de emprego dos jovens com ensino superior era de 84 % em 2021, a taxa de emprego dos jovens portugueses com apenas o ensino secundário científico-humanístico ou profissional era de 79,2 %. Relativamente a 2001, a taxa de emprego dos jovens com ensino superior era de 90,7 % e a dos jovens com ensino secundário de 82,6 %.

Como conclui Pedro Abrantes, reportando-se aos dados libertados no início de setembro deste ano pela OCDE, «a tendência observada neste estudo mantém-se, ou seja, as taxas de emprego têm vindo a aumentar para os jovens com ensino superior ou com cursos profissionais de nível secundário, mas não para aqueles que não têm o ensino secundário ou têm apenas o diploma do 12º feito num curso científico-humanístico».

Analisando em pormenor a evolução da educação dos jovens portugueses entre 2011 e 2021, os autores constataram que a polarização dos níveis de educação dos jovens em Portugal é superior à média europeia.

A polarização dos níveis de escolaridade dos jovens em Portugal é superior à média europeia. Há treze anos, 44% dos jovens tinham o ensino básico, 29% o ensino secundário e os restantes 27% o ensino superior. No mesmo ano, a média europeia de jovens com o ensino básico era de 16%, contra 48% de jovens com o ensino secundário e 36% de jovens com o ensino superior.

Em 2021, a taxa de jovens portugueses com apenas o ensino básico desceu para 17%, enquanto 36% dos jovens tinham o ensino secundário e 47 % o ensino superior. No mesmo ano, a média de jovens europeus com o ensino básico era de 12 %, 42 % com o ensino secundário e 46 % com o ensino superior.

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