«O governo não está a olhar para a saúde mental no local de trabalho», lamenta o bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses

A propósito do Dia Mundial Da Saúde Mental, que se assinala hoje, Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), alerta para a importância da promoção da saúde mental nos locais de trabalho. 

 

«Numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolhe a Saúde Mental no Trabalho como tema para este Dia da Saúde Mental, é preciso lembrar as promessas por cumprir. O governo não está a olhar para a saúde mental no local de trabalho”, lamenta o bastonário.

Francisco Miranda Rodrigues recorda que «foi entregue um Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado por um grupo de peritos» e que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não se pronuncia sobre o que vai acontecer. «As equipas de saúde ocupacional já deviam contar com um psicólogo, por exemplo, como já recomendado pela Direcção-Geral da Saúde, mas, na prática, nada acontece.»

«É preciso que o governo tire os relatórios das gavetas e ponha a funcionar as políticas de promoção da saúde mental no local de trabalho que podem fazer a diferença na vida das pessoas», defende.

Numa altura em que «todos dizem ser muito importante a saúde mental no local de trabalho é lamentável que, quando chega a altura de colocar as políticas em prática, tudo seja esquecido em prol do pilar financeiro e de curto prazo». E isso acontece «tanto por parte dos decisores políticos como de empregadores e sindicatos», explica.

«A saúde mental não pesa na mesa de negociações. E com isso perde-se no bem-estar das pessoas e perde-se na economia. Quando as pessoas não estão bem ao nível da saúde mental não conseguem ter o mesmo nível de produtividade», explica Francisco Miranda Rodrigues, recordando o relatório da própria OPP que indica que o stress e os custos de problemas de saúde psicológica no trabalho custam 5,3 mil milhões por ano.

O Bastonário lamenta ainda que o Estado não dê o exemplo sobre o que deve ser feito nesta área, em serviços tão basilares como o Serviço Nacional de Saúde ou as escolas, onde «os profissionais estão descontentes, e não deve ser só pelas questões financeiras. Há também a falta de reconhecimento e autonomia. E não se faz nada».

Já nas organizações privadas, recorda que «tem sido crescente a importância dada à saúde mental, o que é muito positivo», mas sublinha que «é preciso ter cuidado para não se ficar apenas pelos discursos e pelas intenções e pelo ‘mental washing’. É necessário que as boas práticas sejam efectivamente aplicadas e que se façam planos de avaliação dos riscos psicossociais e de mitigação desses riscos».

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