O ministro da Ciência identificou alguns dos grandes desafios para Portugal actualmente
O ministro da Ciência, Manuel Heitor, afirmou que face ao número de desempregados provocados pela crise da COVID-19, o grande desafio do país passa por, além de inovador, tornar-se “criador” e apostar na “formação ao longo da vida”.
«Hoje sabemos que um dos principais desafios é ao nível da actualização de competências da população adulta, mas também da reconversão da nossa população, sobretudo, porque temos neste momento mais de 100 mil desempregados», afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Manuel Heitor, que encerrava a conferência «40 anos de Ciência e Conhecimento: capacitar as empresas para novos desafios», que decorreu no Porto, salientou que o número de desempregados e as previsões de poucos jovens no ensino superior até 2030 vêm colocar às instituições científicas e académicas o desafio de «formar mais ao longo da vida».
«A questão que se põe é que nas próximas décadas vamos ter de enfrentar uma depressão demográfica inédita em Portugal. Hoje, temos cerca de 112 mil jovens em Portugal com 20 anos, em 2030, se não houver nenhuma progressão migratória, teremos 85 mil jovens com 20 anos em Portugal. Por isso, não há outra solução se não cada vez mais formarmos mais pessoas», frisou.
Na sessão, que deu início às celebrações do 40.º aniversário do INESC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Manuel Heitor frisou a ousadia dos seus fundadores, nomeadamente, de criarem uma instituição científica independente e autónoma, de «fazerem acontecer» ciência experimental, de terem percebido que era preciso «densificar e diversificar o tecido económico», de transformar os sectores e de «escalar Portugal».
Partindo precisamente da ousadia do instituto de «escalar Portugal», o ministro afirmou que face à pandemia e percepção de que a Europa tem de se tornar independente, o desafio do país é «tornar-se criador».
«No contexto puramente funcional o principal desafio é como é que podemos usar esta conquista de sermos um país forte ao nível inovador, para sermos também um país forte a nível criador. Nos últimos três meses tivemos novos 100 mil desempregados, como é que esta capacidade de inovação pode gerar o emprego necessário, certamente diversificando a economia?», questionou.
Manuel Heitor reforçou também a ambição de Portugal conseguir atingir, até 2030, 2% do Orçamento Europeu, por forma a se ter «uma Europa com mais Portugal», mas ter um Portugal «também com mais Europa».
A sessão de comemoração do 40.º aniversario do INESC, que teve lugar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), contou com um painel de oradores de empresas nacionais, como o presidente da Corticeira Amorim, a CEO da TMG Automotive e presidente da COTEC, o presidente da APICCAPS e o presidente do Conselho de Administração da SONAE.
Constituído em 1980, o instituto, que tem actualmente participação em seis instituições – INESC Coimbra, INESC-ID, INOV INESC Inovação, INESC MN e INESC TEC –, desenvolve actividade nas áreas da educação, incubação, investigação científica e consultoria tecnológica.
A abrir a conferência, à qual se associou a comemoração dos 35 anos do INESC TEC, no Porto, esteve a Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira.
A comemoração do 40.º aniversário do INESC inclui mais duas conferências, uma a realizar-se no dia 8 de Outubro, em Lisboa, dedicada ao tema «A capacidade de criação de novas empresas de base tecnológica» e outra, em Coimbra, no dia 23 de Outubro, dedicada ao tema «A relação com o mundo académico».