Opinião: É um “giver” ou um “receiver”?

O grande desafio de qualquer gestor ou líder, seja em casa ou no trabalho, é o da promoção, fomento e desenvolvimento de “givers”, assegurando-lhes o melhor contexto, e, nalguns casos, um “sistema de segurança”.

 

Carlos Carreira, (ccarreira@exodusconsultores.com), gestor de empresas, coacher, formador, investigador e autor do livro “Para Lá dos Teus Limites”

 

O mundo pode ser sempre olhado de diversas e diferentes perspectivas. Habituei-me, por força da própria actividade profissional, a olhá-lo, frequentemente, numa perspectiva de “dar” e “receber”, de “input” e “output”, de “recursos consumidos” e “resultados produzidos”, ou seja, numa perspectiva de “valor acrescentado” e de “resultados liquidos”.

Eu sei que é uma visão redutora, e, que muitos, em particular os que estão fora da área da Gestão, tendem a considerá-la demasiado mercantil, sobretudo se o seu pendor for eminentemente financeiro.

A experiência tem-me demonstrado, contudo, que esta perspectiva é de uma grande utilidade prática, mesmo em áreas como a Gestão de Pessoas, onde podemos contabilizar, alegria, energia, determinação, amor, conhecimentos, aprendizagens, trabalho, motivação, etc.

E, nesta “nova” vertente, podemos facilmente identificar três tipos de pessoas, com as suas atitudes e “estilo de vida” próprios:

–  os “givers”, que tendem a apresentar sempre resultados positivos, ou seja, dão mais do que recebem. Tendem a ser generosos e estão muito focados no exterior, nos outros e no meio envolvente. Não só “puxam” por si como motivam os outros também a dar o seu melhor. Têm um grande sentido de “valor acrescentado”.

– os “receivers”, que pendem para resultados deficitários. Tendem a consumir mais do que produzem. Não são necessariamente “ervas daninhas”, mas são pessoas com atitudes de alguma avareza e algum narcisismo. Tendem a colocar-se, predominantemente, numa perspectiva de “receber”.

– os “balanceados”. Tendem a equilibrar as coisas, “nem a mais, nem a menos”. Muitos deles, são “givers” ou “receivers” “frustrados” ou “convertidos”, que encontraram no “meio termo”, um lugar seguro e menos conflituoso.

 

A grande questão é saber quais os melhores comportamentos, sob o ponto de vista pessoal, do ponto de vista dos grupos mais próximos, e, do ponto de vista da sociedade, de uma forma geral.

Naturalmente que a resposta a esta questão tem muito a ver com as dinâmicas que as diferentes pessoas tendem a criar, e, essas estão muito dependentes do próprio meio envolvente, nomeadamente em termos da sua composição com estes três tipos de pessoas.

A prática tem demonstrado que os melhores resultados para todos, advêm de ambientes em que predominam os “givers”. Mas também sabemos que estes se podem “cansar” e sentir “frustrados” facilmente, se forem sujeitos a desgates continuados e não obtiverem um “retorno mínimo” para a sua generosidade. Por outro lado, os “givers” tendem a estar em minoria, na maioria das situações, e os “heavy receivers” transformam facilmente a sua vida num inferno.

Os “receivers”, embora pareçam, pelo menos teoricamente, ser os “maus da fita”, na realidade, dadas as suas estratégias “sofisticadas”, são, muitas vezes, considerados os “smart guys” e o melhor exemplo a seguir, para a obtenção dos resultados mais seguros e “rentáveis”. E, em alguns casos, a sua imagem social é de tal maneira positiva e “lavada”, que muitas pessoas aspiram à sua condição, convertendo mesmo alguns jovens “givers”.

Não é pois de estranhar que a atitude mais comum tenda a ser a de “balanceado”.

Assim, o grande desafio de qualquer gestor ou lider, seja em casa ou no trabalho, é o da promoção, fomento e desenvolvimento de “givers”, assegurando-lhes o melhor contexto, e, nalguns casos, um “sistema de segurança”.

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