“Portugal deve (re)conquistar o mundo”
O presidente da Comissão Executiva da Glintt, , esteve presente na primeira conferência da Human Resources Portugal sobre a qual ficou «muito, muito surpreendido, pela positiva». Agora, numa entrevista entusiasmante, conta-nos como podemos mudar o nosso destino.
Por Pedro Costa Coelho
HR: Nestes tempos conturbados, como é que avalia a questão da gestão do talento? Ainda é, ou é cada vez mais, um dado importante para as empresas?
Mira Godinho: Sempre trabalhei em empresas prestadoras de serviços, o que quer dizer que são empresas que estão muito dependentes das pessoas. A verdade é que, ao longo destes quinze anos em que me reconheço como gestor, a questão da gestão do talento tem tido altos e baixos.
HR: Esses altos e baixos estarão relacionados com o desempenho da economia?
Mira Godinho: Estão sempre relacionados com a economia, embora haja um denominador comum: está sempre em crescendo de importância.
HR: Determinante mesmo em épocas de recessão, portanto…
Mira Godinho: Sim, determinante porque quando as empresas se vêem em situações mais complicadas, nomeadamente em termos comerciais e de vendas, só as pessoas talentosas e com garra é que podem ser a solução.
HR: A motivação dos empregados é, cada vez mais, fundamental em todas as empresas. Que ferramentas têm os gestores actuais para motivar melhor, sem utilizarem o argumento financeiro?
Mira Godinho: A gestão de pessoas, para além da arte, tem alguns princípios básicos, que por vezes até anulam a arte… Quando há dez anos, ou até há cinco anos, o crescimento das empresas era da ordem dos dois dígitos, os aumentos salariais e as promoções eram regulares e naturais. E a motivação era feita através dessa ferramenta: promoções e aumentos salariais. O problema é que, actualmente, as empresas não crescem dessa forma. Assim, a transparência nos resultados, o diálogo com os trabalhadores, no sentido de lhes fazer sentir que os mares estão revoltos, é essencial…
HR: O que quer dizer com transparência nos resultados?
Mira Godinho: Se uma empresa transmite aos seus colaboradores que os aumentos não serão grandes, não pode, posteriormente, apresentar lucros chorudos. Entende? É este o tipo de transparência que deve existir numa empresa, baseada no respeito e no equilíbrio. Os gestores têm, por vezes, muita dificuldade em sair da sua pele, do seu mundo. E esquecem-se, muitas vezes, que as pessoas com quem trabalham têm vidas difíceis, por vezes complicadas.