Portugueses estão mais empenhados em desenvolver competências. Formação em inteligência emocional é a segunda mais referida

A Cegoc, em alinhamento com o Grupo Cegos, apresentou os resultados do estudo internacional “Transformations, Skills and Learning”, estruturado em quatro eixos. 

 

O estudo, realizado em Junho de 2024 em nove países, da Europa – França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha -, Ásia (Singapura) e América Latina – Brasil, México, Chile, contou com a participação de cinco mil colaboradores e 469 directores ou responsáveis de Recursos Humanos/directores ou responsáveis de formação, todos eles a trabalhar em organizações do sector privado e público com 50 ou mais colaboradores.

Entre as várias conclusões, destacam-se:

A aceleração da mudança tecnológica está no centro do desafio das competências

Quando questionados sobre as mudanças que terão impacto nas competências dos colaboradores nos próximos dois anos, os gestores de RH destacam a Inteligência Artificial e Dados (63%, + 15 pontos em relação a 2023). Portugal regista o valor mais baixo dos 9 países inquiridos, com 50%.

Ao todo, 76% dos colaboradores antecipam uma mudança no conteúdo do seu trabalho (75% em Portugal) e mais de ¼ dos colaboradores (27%) considera que já não tem, ou deixará de ter em breve, as competências necessárias para desempenhar correctamente as suas funções (20% em Portugal).

Em consequência desta leitura da realidade, estão a tomar medidas: 32% dos colaboradores afirmam estar pessoalmente envolvidos no desenvolvimento das suas competências. Os colaboradores portugueses estão ainda mais empenhados em formar-se (40%).

Para fazer face ao impacto das mudanças em curso, os departamentos de RH estão a dar prioridade a três premissas:

  • Melhorar as competências dos colaboradores na sua posição actual (62%, + 5 pontos em relação a 2023).
  • Recrutamento de novos perfis (59%), que têm vindo a utilizar cada vez mais nos últimos dois anos (+ 3 pontos em relação a 2023, + 13% em relação a 2022).
  • Em Portugal, ainda mais inquiridos referem a necessária melhoria das competências dos colaboradores (70%).

Os gestores de RH assumiram os desafios da transformação tecnológica: as competências digitais dos seus colaboradores são prioritárias (43%). Portugal regista o valor mais alto (65%).

Seguem-se as soft skills (35%), relativamente às quais os colaboradores e os gestores de RH têm expectativas ligeiramente diferentes:

  • Os colaboradores pretendem formação para serem mais eficientes na sua organização do trabalho (39% no global e 31% em Portugal), para a criatividade (36% em geral, 41% em Portugal) e agilidade (33% no global, 28% em Portugal). Sublinhe-se o peso da formação em inteligência emocional para os colaboradores portugueses (2.º factor mais mencionado, com 36%).
  • Perante o ritmo acelerado da mudança, os gestores de RH estão a centrar-se na agilidade e na adaptabilidade (49% no global, 45% em Portugal).

O desenvolvimento de competências é um desafio estratégico partilhado

A maioria dos inquiridos também concorda com a divisão equitativa entre empresas e colaboradores na responsabilidade do desenvolvimento de competências: 63% (entre os colaboradores) e 66% (nos gestores de RH), em Portugal, respectivamente, 72% e 80% (em ambos os casos, o valor mais alto dos nove países onde o estudo foi efectuado).

A prova desta responsabilidade partilhada é que 92% dos colaboradores afirmam-se receptivos a realizar a sua própria formação para se adaptarem à forma como os empregos e as profissões estão a mudar ou irão mudar (97% em Portugal, o maior valor) e 58% estão até dispostos a financiar parte da sua formação (53% em Portugal).

As organizações enfrentam o desafio do “tempo até à competência” quando se trata de formação adequada e atempada

Com uma pontuação média global de 7,2/10, os DRH consideram que as suas organizações são bastante ágeis na resposta a este desafio do “tempo para a competência” (média de 7,2 pontos em 10). Essa pontuação é maior na América Latina do que na Europa (7,8 vs 6,8). Portugal regista o valor mais baixo (6,55).

As dificuldades referidas pelos decisores de RH têm um impacto na experiência dos colaboradores: 42% dos colaboradores nacionais declaram que as respostas de formação fornecidas pela sua empresa chegam frequentemente várias semanas ou meses depois de terem manifestado as respectivas necessidades (42% em Portugal).

Os sistemas de formação existentes, o que se espera e o que pode mudar graças à Inteligência Artificial

A formação à distância representa actualmente 46% (47% em Portugal) de todos os cursos de formação, sendo a formação síncrona o método preferido, com 57% (58% em Portugal). O e-coaching é o novo tipo de formação favorito: 49% dos gestores de RH (45% em Portugal) utilizam-no ou tencionam fazê-lo a curto prazo.

Acima de tudo, os colaboradores esperam que os programas de formação dêem prioridade às situações no local de trabalho (52%), que a formação seja mais interactiva e divertida (42%) e também mais personalizada (38%). Em Portugal, a preferência recai na formação no local de trabalho (46%), nos cursos de ensino à distância (42%) e na maior escolha de abordagens/formatos (39%).

44% dos colaboradores afirmam já ter utilizado a IA Gen para aprender (+ 13 pontos em comparação com a edição de 2023). Portugal é o 3.º país entre os 9 que mais a utiliza (49%), com o Brasil em 1.º (56%), Singapura em 2.º (50%) e a França em último (32%).

81% dos decisores de RH afirmam que já utilizaram ou vão utilizar a IA Gen como método de formação. Tal verifica-se especialmente no sector privado (82% em geral) e nas empresas com 500 a 1.999 colaboradores (86%). E, se entre os DRH chilenos a IA Gen está generalizada (98%), nos portugueses é onde está menos disseminada (65%).

Este ano, 74% dos DRH afirmaram que estão a utilizar dados relacionados com a formação na sua organização (Portugal com 55%, o valor mais baixo dos 9 países).

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