Portugueses estão mais infelizes no trabalho

Profissões que causam mais stressA conclusão é de um estudo da Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional, que revela um salto na percentagem de trabalhadores em situação de esgotamento.

O estudo da APPSO, apresentado ontem na Comissão Parlamentar de Saúde, que inquiriu perto de 38 800 induvíduos em território nacional entre 2008 e 2013, aponta para uma degradação da forma como os portugueses lidam com o trabalho. Um desafecto visível na progressão do número profissionais que revelaram estar em situação de stress laboral, de 36% em 2008 para 62% em 2013, e no rácio de colaboradores em situação de esgotamento, ou burnout, de 9% para 15% de 2008 a 2013. Também revelador é o aumento do número de colaboradores com intenção de mudar de emprego, ou turnover, que saltou de 35% em 2008 para 78% em 2013.

João Paulo Pereira, presidente da Direcção da APPSO, acompanhou «com imensa preocupação» estes dados, já que estes indicadores «traduzem um quase profundo impedimento de realização pessoal e organizacional.» Contudo, acrescenta, «a situação que podemos constatar não é um fatalismo» e as empresas devem intervir para mudar esta situação.

Este aumento do desafecto da relação trabalhador-empresa, uma tendência comum ao sector público como ao privado, acaba por ter como principal razão «uma maior utilização do exercício de funções com um objectivo economista, onde a realização pessoal parece estar a perder espaço.» Como consequência, sugere, «o engagement e o organizational commitment, variáveis importantes para o sucesso das pessoas nas organizações e para estas, está profundamente comprometido», considera João Paulo Pereira.

«Assim, a degradação que pormos assinalar está mais voltada para a forma como cada um vive a sua vida de trabalho e investe no desenvolvimento pessoal e organizacional», acrescenta o presidente da Direcção da APPSO.

A chave da mudança para esta situação terá de emanar da gestão das próprias organizações, defende o responsável, com medidas adaptadas à realidade portuguesa. O foco deverá ser recentrado, considera, para uma «perspectiva de conciliação organização-individuo, numa óptica verdadeiramente multidisciplinar e com foco no desenvolvimento técnico, de competências pessoais, e centralizado em verdadeiras políticas de Gestão de Pessoas que promovam o envolvimento com a estratégia organizacional e estratégia pessoal.»

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