Portugueses pessimistas relativamente ao próximo Orçamento de Estado
As medidas apresentadas na proposta de Orçamento do Estado para 2013 vão piorar a situação económica do País. Esta é a opinião generalizada dos participantes (75 por cento) no “Estudo de Opinião OE 2013” da Deloitte que analisa, a percepção dos portugueses sobre o documento.
Perspectivando 2013, nem os jovens estão optimistas neste estudo perante as propostas para o próximo ano, uma viragem face aos resultados do estudo do ano passado – altura em que 55 por cento dos inquiridos consideravam que as medidas do OE iriam melhorar ou deixar o país na mesma.
Agora, a maioria dos inquiridos (59 por cento) considera, aliás, que as medidas apresentadas vão muito para além do que seria necessário dado o estado da economia (no estudo do ano passado, as opiniões repartiam-se em 40 por cento entre medidas “razoáveis” e que “vão além do estado da economia”).
De acordo com as afirmações dos inquiridos, as famílias mais pobres serão as mais afectadas. A classe média e as famílias sem distinção de classe e seguem-se na lista para o próximo ano, (em 2012, estes lugares eram ocupados pela classe média, funcionários públicos e reformados/pensionistas).
Quando questionados sobre a situação financeira do seu agregado familiar, avança o estudo da Deloitte que a larga maioria de inquiridos (91 por cento) considera que vai agravar-se, com 58 por cento dos inquiridos a considerar também que o seu rendimento disponível será afectado em larga escala (valor que aumentou 6 por cento face a 2012).
Decorrente desta realidade, a maioria dos inquiridos (77 por cento) admite reduzir o padrão de consumo e prevê-se um reforço de hábitos que já no ano passado começaram a ser adoptados. A maioria dos inquiridos pretende, assim, focar-se mais em bens essenciais, restringir o consumo de refeições fora de casa e optar por comprar em cadeias de desconto. Mais pessimista está a faixa etária superior a 45 anos, com 81 por cento a prever que o seu padrão de consumo diminua.
Uma das medidas analisadas mais de perto por este estudo é o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares. Face às alterações previstas para 2013 no que respeita à rubrica IRS a maioria dos inquiridos (53 por cento) admite que o seu rendimento anual disponível vai diminuir em mais de 10 por cento.
A alteração dos escalões, seguida da sobretaxa extraordinária de 4 por cento e do aumento das taxas marginais do imposto são as modificações com que terão maior impacte no rendimento disponível. Ainda no âmbito do IRS, as limitações à dedutibilidade das despesas vão contribuir para a fuga aos impostos, afirma a maioria dos inquiridos (87 por cento).
No que diz respeito a outras medidas, 36 por cento dos inquiridos entende que o OE 2013 deveria contemplar ainda medidas de apoio à competitividade da generalidade das empresas e 15 por cento entende que deveria contemplar os incentivos fiscais à atracção de investimento estrangeiro directo.
Nesta área que diz respeito ao impacto do OE no tecido empresarial, o estudo da Deloitte avança que 62 por cento os inquiridos acredita que o aumento dos impostos sobre as empresas pode colocar seriamente em risco o emprego em geral. O estudo avança ainda que, no que respeita ao IRC, os inquiridos concordam com o aumento da tributação, em dois pontos percentuais, para lucros entre 7,5 e 10 milhões de euros.
Neste que analisa a percepção e opinião dos inquiridos sobre o OE 2013, a maioria dos inquiridos (71 por cento) afirma ter um conhecimento entre razoável a muito elevado da proposta do OE 2013, sendo que o nível de conhecimento aumenta nos agregados com rendimentos mais elevados.