Preço das casas desacelera e oferta aumenta. No final de Junho, havia mais de 170 mil imóveis disponíveis no mercado
O Doutor Finanças, em conjunto com a Alfredo, uma plataforma de Inteligência Artificial que recolhe dados do sector imobiliário, divulgaram o balanço dos dados imobiliários dos primeiros seis meses deste ano. O preço das casas em Portugal aumentou 1,65% no primeiro semestre do ano, depois dos fortes aumentos observados nos últimos anos.
Em Junho, os imóveis residenciais das principais capitais de distrito do país foram transaccionados a um valor médio de 2100 euros por metro quadrado, o que corresponde a um aumento de 5% nos últimos 12 meses.
«Os últimos anos têm sido marcados por juros historicamente baixos, concessão de crédito elevada e aumentos expressivos dos preços das casas. Numa altura em que o contexto das taxas de juro mudou, com os juros a aumentarem de forma significativa, é natural que o mercado imobiliário sofra alguns ajustamentos», destaca Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças.
«Sabemos que os bancos continuam disponíveis para financiar as famílias, e prova disso é a disputa crescente por novos clientes, com ofertas de spreads cada vez mais próximos de zero», acrescenta. Mas como está o mercado imobiliário? «Os dados da Alfredo mostram-nos as tendências. E termos esta informação ajuda-nos a tomarmos melhores decisões financeiras.»
A par da estabilização de preços, assistiu-se, no primeiro semestre deste ano, a um aumento da oferta de imóveis disponíveis, num cenário de crescimento acelerado dos juros. No final de Junho, havia 172.153 imóveis disponíveis no mercado, mais 4,63% do que no final do ano passado.
No primeiro semestre deste ano, verifica-se que, das 20 capitais de distrito analisadas pelo índice da Alfredo, cinco estão a registar quedas nos preços das casas: Guarda (11,19%), Portalegre (10,03%), Évora (6,23%), Bragança (2,68%) e Beja (1,05%). As restantes 15 capitais continuam a revelar aumentos nos preços dos imóveis, com o Funchal a liderar as subidas (10,12%), seguindo-se Setúbal (7,15%) e Castelo Branco (6,71%).
Considerando as 20 capitais de distrito analisadas, Évora continua a ser a região onde os imóveis estiveram menos tempo para serem vendidos durante os primeiros seis meses de 2023. O tempo de absorção é de 86 dias. Em segundo lugar surge Setúbal (95 dias) e Beja (110 dias). Por outro lado, Ponta Delgada é a zona onde os imóveis demoram mais tempo para ser vendidos, em média 164 dias. Segue-se Castelo Branco (157 dias) e Vila Real (151 dias).
Os últimos dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), referentes ao primeiro trimestre deste ano, revelam que o mercado está a verificar ajustes na generalidade dos países. Acertos que podem ter como origem o contexto de subida de juros no mercado imobiliário. Estes dados estão também em linha com a informação já partilhada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que mostra que, já no primeiro trimestre, o índice de preços da habitação aumentou 8,7% face ao período homólogo, o que corresponde ao crescimento mais baixo desde o segundo trimestre de 2021. Ou seja, os indicadores existentes apontam para um abrandamento no ritmo de subida dos preços das casas em Portugal.