Projecto-piloto que usa realidade virtual para promover exercício e socialização de idosos testado em três países, incluindo Portugal

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, desenvolveram um sistema que, recorrendo a realidade virtual, visa promover a prática de exercício físico e a socialização da população mais velha.

Em comunicado, o instituto do Porto esclarece que a solução foi desenvolvida no âmbito do projecto VR2Care, que tinha como objectivo «demonstrar o potencial e simplicidade do uso da realidade virtual». A solução desenvolvida permite ir a uma aula de treino funcional a partir de casa, «sem perder os momentos de convívio com os colegas de ginásio».

A partir de uma televisão, com recurso a um pequeno homekit e uma câmara, é possível «entrar à hora certa no ginásio virtual para a aula de exercício físico ou para uma sessão com um personal trainer, de acordo com o plano de treinos personalizado e monitorizado pelo sistema VR2Care».

Citado no comunicado, o investigador Hugo Paredes esclarece que o projecto introduziu um sistema de realidade virtual «multiutilizador síncrono para a actividade física, permitindo uma interacção natural através de uma ferramenta amigável».

«As experiências imersivas com vários utilizadores têm provado ser uma oportunidade para melhorar resultados em matéria de saúde e qualidade de vida, em ambientes de cuidados de saúde inteligentes», acrescenta.

O sistema foi testado com pessoas que partilhavam as mesmas dificuldades e combatiam o isolamento, tendo o VR2Care conseguido substituir o paradigma doente/aplicação por «experiências de entretenimento com base em gamificação», ou seja, recorrendo a técnicas e dinâmicas de jogos para motivar e ensinar as pessoas de forma lúdica.

O piloto do VR2Care foi testado em três países (Portugal, Países Baixos e Itália) e envolveu 75 pessoas. O projecto contou também com a colaboração de prestadores de cuidados de saúde, terapeutas e médicos, por forma a garantir «uma maior e melhor adopção da tecnologia». Em Portugal, o teste envolveu 30 pessoas da Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Porto.

«Os pilotos mostraram que a adopção da tecnologia por parte dos mais velhos foi extremamente positiva. As sessões de exercício foram sempre muito animadas, principalmente quando realizadas na sala de convívio», salienta Hugo Paredes, também docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Segundo o investigador, os exergames [termo usado para designar jogos em que existe tecnologia para rastrear o movimento e reacção do corpo] incluídos no sistema «revelaram um enorme potencial de socialização quando utilizados em ambientes que proporcionam o convívio entre os participantes».

Financiado em 2,2 milhões de euros pelo programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, o projecto envolveu 10 entidades de quatro países europeus (Portugal, Itália, Países Baixos e Áustria) e explorou a utilização de tecnologias para promover a actividade física e interação social.

«O projecto VR2Care apresentou um impacto não só tecnológico, mas também social e económico, ao conseguir facilitar o aparecimento de novos modelos de negócio capazes de criar ecossistemas para dar resposta à actividade e à reabilitação físicas praticadas em casa na Europa», acrescenta o instituto.