Qual o papel dos líderes na mudança?

José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group, e Miguel Setas, CEO da EDP Brasil, discutiram na XIV Conferência Human Resources o papel do líder numa época de transformação digital e renovação geracional, e partilharam como cada um está a fazer no seu grupo para se adaptarem aos tempos. A moderação esteve a cargo de Pedro Ramos, director de Recursos Humanos do Grupo TAP Air Portugal.

 

Quando questionados sobre o papel dos responsáveis das empresas, num contexto de rápida mudança e transformação digital , José Theotónio explica que «não há iluminados» e que o que é preciso é «ter uma boa equipa nas várias áreas, e acreditar nela». O representante do grupo de hotelaria vê o líder como um «facilitador», principalmente para as pessoas novas que entram nas empresas.

Já Miguel Setas acredita que a sua função é injectar energia na organização, dar perspectivas de futuro e pôr as pessoas certas nos lugares certos, tendo sempre os resultados como objectivo pois, sem estes, perde-se a sustentabilidade da empresa.

O CEO da EDP Brasil caracteriza a transformação que se vive no mundo do trabalho através de 3Ds – Descabornização, a aposta em energias e práticas limpas, onde identifica as energias renováveis; a Descentralização e a Digitalização, ou seja, o crescente uso das tecnologias de robotização ou analitics. O responsável partilha ainda que estão a vier esta revolução tecnológica na empresa e também uma «renovação geracional», com talentos da EDP a prepararem-se para a reforma, e consequente necessidade de reformular o leque de competências.

Miguel Setas é um crítico do termo «pessoas 4.0», que considera um «estereótipo».  Na EDP, está em curso um plano estratégico para procurar novas competências e cadeias de valor, em áreas como a robótica ou o trabalho de operador de drone, mas com um pacto de «digitalização humanizada» no trabalho, que garante compromissos de boas práticas com recurso à tecnologia, usufruindo de todas as suas vantagens, mas não dependentes dela.

Por seu lado, José Theotónio revelou aos presentes que tira pelo menos dois cursos por ano, como forma de, como líder, se manter actualizado. Um dos cursos mais recentes foi em Silicon Valley, para executivos, preparado pela Google, onde aprendeu sobre a cultura do gigante tecnológicos, sendo uma dessas aprendizagens como a grande empresa americana gere os Recursos Humanos. O CEO do grupo explica que nesta formação aprendeu acerca de como lidam com aquela multiplicidade de culturas, de pessoas e personalidades e também sobre evolução tecnológica.

Ambos os líderes concordam, por isso, que organizar as suas equipas de forma a complementar as gerações é o caminho a seguir, não deixando que profissionais na casa dos 50, no auge do seu know-how, saiam prejudicados, nem condicionar o valor dos mais jovens.

 

A Conferência vai ser publicada na íntegra na edição de Janeiro da Human Resources.

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