Quase metade dos estudantes em Portugal estão no ensino e formação profissional. O País é 19.º na Europa
Segundo o estudo “Como valorizar o Ensino Secundário Profissional? Dilemas, Desafios e Oportunidades” do Edulog, iniciativa da Fundação Belmiro de Azevedo, em colaboração com a Universidade de Aveiro, Portugal encontra-se na 19.ª posição do ranking europeu de países com mais alunos a frequentar o Ensino e Formação Profissional, contando com 45% do total de estudantes.
Portugal ficou atrás de países como a República Checa (73%), a Finlândia (71%), a Croácia e a Áustria (70%), a Holanda e a Eslováquia (69%), a Eslovénia (67%), e a Suíça (65%), sendo estes os países com as percentagens de frequência mais elevada no Ensino e Formação Profissional.
Quando analisado o tipo de certificação obtida pelos estudantes consoante o nível de escolaridade dominante nas famílias, verifica-se que a maioria dos estudantes que frequentaram Cursos Científico-humanísticos (32%) provêm de famílias onde o ensino superior é o nível de escolaridade dominante.
Já no caso dos alunos dos Cursos Profissionalmente Qualificantes, apenas 9% fazem parte de famílias com o ensino superior como o nível de escolaridade dominante, estando a maioria inseridos em níveis de escolaridades inferiores.
Estes números demonstram uma tendência dos estudantes de famílias com formação mais baixa optarem pelos Cursos Profissionalmente Qualificantes do que os estudantes de famílias com mais formação académica, que se evidenciam mais nos Cursos Científico-humanísticos.
A percentagem de jovens que se inserem no mercado de trabalho após a conclusão do curso é muito maior nos Cursos Profissionalmente Qualificantes do que nos Cursos Científico-humanísticos. Também a percentagem de jovens que registam seis meses ou mais, após o final do curso, para se inserirem no mesmo é maior do que os jovens dos Cursos Científico-humanísticos.
Oferta disponível
Relativamente à oferta do Ensino Profissional Secundário (durante o período entre 2018 e2021), o estudo salienta que mais de metade dos cursos oferecidos em Portugal pertence a apenas três áreas de estudo – a de Serviços, a de Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção, e a de Saúde e Protecção Social.
Por outro lado, os cursos nas áreas das Ciências Informáticas, da Hotelaria e da Restauração representam um terço do total da oferta formativa profissional. Outro dado relevante divulgado demonstra que são as áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto que concentram 40% do total de cursos profissionais existentes.
Do total de cursos profissionais disponibilizados por todo o país, este trabalho de investigação releva ainda que mais de três quartos dos cursos (81,5%) são destinados ao sector terciário, 16,6% ao sector secundário e apenas 1,9% ao sector primário.
Perfis de estudantes
O estudo do Edulog identificou três perfis de estudantes. Apesar de o grupo dominante continuar a ser o dos estudantes com historial de baixo desempenho académico, existe um conjunto de alunos com um histórico de bom desempenho escolar e motivados pelo ensino aplicado, a aprendizagem de uma profissão e a perspectiva de empregabilidade, a par de um terceiro perfil, o daqueles que não pretendem ou ponderam entrar no mercado de trabalho, mas orientados para a prosseguir estudos no ensino superior.
No que toca aos percursos dos estudantes, após formação no Ensino Secundário Profissional, a análise levada a cabo pelo Edulog mostra uma maior tendência para os alunos prosseguirem os estudos quando a conclusão do curso profissional ocorre nas faixas etárias mais jovens.
Relativamente às médias das classificações nos cursos profissionais, observa-se que há uma maior propensão para prosseguir estudos, seja de forma exclusiva ou a trabalhar em simultâneo, nos alunos que terminam o curso com uma média mais elevada.
Já no que às condições socioeconómicas dos agregados familiares diz respeito, nomeadamente no que toca à ocupação e nível de escolaridade dos tutores, a maioria dos alunos é oriunda de famílias em que os tutores são trabalhadores por Conta de Outrem, e os que prosseguem estudos, após a conclusão do ensino profissional, têm tutores mais escolarizados, comparativamente aos demais.
Outro dado relevante é o facto de os alunos do Ensino Profissional de zonas com maior densidade populacional terem mais probabilidade de serem bem-sucedidos, tanto nos seus percursos profissionais como académicos, uma vez que as características das regiões têm interferência no seu percurso.