Randstad Portugal: A vida de organização

Com a perfeita noção de que a comunicação é «a vida da organização», na Randstad Portugal aposta-se no sucesso e eficácia da mesma.

 

Considerada o terceiro maior empregador privado nacional, a Randstad Portugal tem 450 colaboradores corporativos, colocando a trabalhar nos seus clientes, em média, 30 mil pessoas. Com este universo, são vários os desafios no âmbito da Comunicação Interna. Na opinião de Inês Veloso, a directora de Marketing e Comunicação da empresa, o primeiro grande desafio é exactamente este, ou seja, terem «muitos colaboradores que trabalham nas instalações dos clientes, e em exclusivo para alguns clientes, mas que não deixam de ser colaboradores da Randstad».

Para a responsável, esta dispersão é não só um desafio para a Comunicação Interna como para assegurar o fortalecimento do sentimento de pertença. «Na Randstad Portugal, a Comunicação Interna é externa», afirma Inês Veloso, explicando: «Não temos um fosso que separa estas duas realidades. Optimizamos canais e mensagens de forma a conseguirmos ter um sentimento de pertença e ao mesmo tempo contribuir para o nosso employerbrand, seja na atracção e retenção de talentos para a nossa área corporativa, seja para oportunidades nos nossos clientes.»

Olhando para as organizações de hoje, e para os desafios que enfrentam, a directora de Marketing e Comunicação identifica com tema prioritário para o sucesso o Employer Brand. «O Employer Brand enquanto elemento integrado de comunicação nos canais da empresa, com soluções que permitam a comunicação entre a empresa e os colaboradores e não apenas canais informativos e de ligação entre a comunicação interna e externa, garantindo que os conteúdos não são replicados, e um alinhamento no tom de voz.» Ainda nesta perspectiva, acrescenta que os próprios colaboradores são um canal de comunicação da própria empresa – employee advocacy. «É, sem dúvida, um tema prioritário, não  apenas na atracção de talento, mas na construção de marca e na promoção de produto/serviço.»

Desta forma, «a Randstad trabalha de forma integrada a comunicação interna e externa, apenas separando uma parte desta comunicação com os recursos humanos, garantido que os temas que são exclusivamente internos continuam a ter eco na organização». Mais… «O alinhamento da mensagem interna e externa numa única, permite desenvolver o conceito de promotores dos colaboradores que acompanham a comunicação externa, envolvendo ao mesmo tempo os nossos colaboradores que trabalham nos clientes e todos os stakeholders», afirma Inês Veloso. Esta coerência tem momentos de descriminação positiva quando, por exemplo, são divulgados os vídeos dos colaboradores da empresa com um hastag próprio (#eusouRandstad) ou quando é lançado um concurso de fotografia com um prémio exclusivo para os colaboradores da empresa.

 

Envolver colaboradores
Na Randstad Portugal, o engagement dos colaboradores é medido de duas formas. A primeira é através de modelos de gestão de pessoas, pela equipa de Recursos Humanos da empresa, envolvendo muitos outros parâmetros. A segunda concretiza-se através da interacção com as suas publicações nos canais da empresa: a Intranet que é, na realidade, uma comunidade do Google (modelo de rede social), o Facebook e o LinkedIn. «Em paralelo – acrescenta a responsável –, temos implementado um programa de experiência que nos permite medir a satisfação nas diferentes fases de jornada e, assim, compreender também o engagement das nossas pessoas.»

De forma a conseguir um maior envolvimento dos seus colaboradores, a Randstad Portugal tem, acima de tudo, trabalhado na vertente dos conteúdos. «Desenvolvemos muito a criação de conteúdos com os nossos colaboradores, permitindo que estes sejam os protagonistas e destinatários das nossas campanhas em todos os canais», esclarece Inês Veloso.

Da mesma forma, a empresa tem, de cinco em cinco anos, um momento de celebração em todos os 38 países onde a Randstad marca presença, assinalando, com o mesmo conceito, o seu aniversário. «Em 2020, dia 26 de Setembro, celebramos 60 anos e vamos ter este momento», revela. «Será um evento que activa a marca, mas que trabalha o engagement com vista a ligar as pessoas com a organização, num propósito e ambição comum. Desde o ano passado que a Randstad tem vindo a evoluir o conceito e, como este se declina ao longo de 2020, começando em Abril, cria uma experiência única do que é ser Randstad.»

 

Human Forward
Um dos pilares da Comunicação Interna é o conceito de Human Forward. «É a nossa assinatura de marca, que reflecte o nosso posicionamento, o nosso propósito e a nossa missão e que se concretiza em três promessas para os nossos clientes e candidatos: transparência, proactividade e aconselhamento», esclarece a directora de Marketing e Comunicação. Internamente, este posicionamento também é muito trabalhado através do propósito das suas pessoas: «Fazer com que o trabalho tenha significado na vida das nossas pessoas, e fazemo-lo partilhando o reconhecimento dos clientes, candidatos e stakeholders.»

As ferramentas de Comunicação Interna usadas pela Randstad para implementar a experiência Human Forward passam por uma estratégia de conteúdos, pela relação desses conteúdos com o posicionamento da empresa, pela utilização dos principais canais que possam impactar as suas pessoas e por soluções de formação, neste caso geridas pela área de Recursos Humanos. Ao nível da facilitação e promoção do networking, refere Inês Veloso que «a área de Gestão de Pessoas vai acompanhando esta conexão das pessoas com a empresa, e entre elas, seja no momento do onboarding, seja no programa reconnect que também tem objectivos estratégicos». Em paralelo, o facto de a organização possuir uma rede social como meio de comunicar as novidades e ferramentas colaborativas com serviços de instant messaging, aumentaram a ligação das suas pessoas e também o network. «Esta preocupação de comunicação global também se estende aos nossos colaboradores em clientes, onde a extranet é uma ferramenta de comunicação e a nossa solução YouPlan também é mais um canal», reforça.

No que se refere ao tema da retenção de talento tem o mesmo sido trabalhado pelos Recursos Humanos directamente com as lideranças das equipas. «Em termos de Comunicação Interna vamos reforçando a experiência do que é ser Randstad amplificando as acções individuais que contribuem para o todo, os sucessos do todo e o envolvimento de todos na estratégia através de comunicações trimestrais para todas as pessoas lideradas pelo CEO ou calls realizadas pelo marketing que partilham os principais números dos canais e das campanhas comunicado de forma transversal com a organização», revela Inês Veloso.

 

Novas gerações
Com as novas gerações a entrar no mercado de trabalho, importa questionar como tem sido desenvolvida a sua integração na Randstad. Inês Veloso esclarece. «Temos acompanhado as novas tendências, quer na utilização de canais como uma rede social, como intranet, quer na exploração de conteúdos de vídeo ou o postal de Natal como um GIF.» O facto de a empresa não separar a comunicação interna da externa ajuda a ter uma linha de comunicação para as diversas gerações, uma vez que estas também são o seu target na comunicação a candidatos.

Com as organizações a serem cada vez mais ágeis, surge a necessidade de a comunicação ser «tão ágil como a empresa ou, melhor ainda, mais ágil, para que seja também um motor desse processo de transformação. Comunicar não é informar – faz nota –; é passar mensagens, é impactar as pessoas, é ouvir e responder, partilhar, comentar, reagir. A comunicação tem não só de saber reagir como provocar, tem de saber ler resultados mas também antever comportamentos. Tem de ser criativa com estratégia, tem de medir e ser eficaz. Tem de se ouvir no meio da confusão e despertar consciências, alterar comportamentos, reforçar emoções e ser eficaz.»

Assim, na Randstad Portugal, a comunicação é escrita, é falada, e é até silenciosa, numa imagem que se coloca na parede, pois «a comunicação é a vida da organização e é crítica para o sucesso da mesma, seja nas suas relações externas, seja nas internas», afirma a responsável.

Actualmente, comunicar melhor e mais rápido é uma necessidade de todos na empresa. Aqui surge a tecnologia como um canal com potencial criativo infinito, mas que não retira a importância do contacto, do estar no mesmo espaço, do silêncio. «É um fantástico meio para atingir o chamado factor higiénico, ou seja, mensagens no aniversário, feedback nos pedidos de informação. Mas o deliciar está nos momentos de verdade e não surge em template, é personalizado, estratégico e alinhado com quem somos, com o
nosso posicionamento.»

 

Olhar para o futuro
Inês Veloso não tem dúvidas de que o futuro terá de ser ainda mais relacional, mais transparente e mais presente. «O automatismo vai ser higiénico e a humanização deste contacto vai ser diferenciador. E a comunicação vai ser cada vez mais bilateral e democrática. Ao mesmo tempo as barreiras entre a comunicação interna e externa vão acabar.»

É este o principal desafio que a responsável identifica, «essa relação de um para um, garantindo a autenticidade e a transparência, dentro dos limites. A transparência da comunicação garante uma melhor eficiência e produtividade porque a verdade cria relações de verdade. E porque a imperfeição é a única forma de se ter momentos perfeitos. Porque o silêncio também é uma reação. A transparência aproxima, humaniza, credibiliza e aumenta a confiança. Mas não pode ser “o doa a quem doer”». Inês Veloso defende que a mensagem tem de ser verdadeira, mas também trabalhada, e que o canal deve ser cuidadosamente escolhido para que aconteça essa eficácia para que a mensagem seja apreendida. Esta postura assume ainda maior relevância numa época em que se concorre «com todas as distracções que acontecem por segundo na vida das pessoas e, por isso, a relevância e a criatividade são factores que têm também sempre de ser considerados na estratégia de comunicação.»

Com 2020 em curso, Inês Veloso identifica como tendência para curto/médio prazo a humanização da comunicação, contribuindo para o surgimento de empresas com personalidade própria, em que se assumem com credos e políticas, não necessariamente consensuais. «Vão ter causas alinhadas ao seu propósito e a gestão de crise vai ter um papel fundamental», acredita.

Já a tecnologia, vai ser uma ferramenta, mas vai penalizar a relação quando utilizada de forma exaustiva e substituindo a relação humana nos momentos da verdade. «A proximidade e o espaço físico vão ganhar nova importância na experiência e como canal de comunicação.»

 

Este artigo foi publicado na edição de Fevereiro da Human Resources, no Caderno Especial sobre Comunicação Interna nas empresas.

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