Foi feita uma experiência-piloto na Europa promovendo a semana de 4 dias de trabalho e os resultados são surpreendentes

A experiência-piloto de seis meses no Reino Unido envolve 3.300 trabalhadores em 70 empresas a trabalhar 80% da semana habitual. As empresas explicam como se têm adaptado e os trabalhadores falam de uma mudança de vida, revela reportagem da CNN.

 

Conduzido pela 4 Day Week Global em parceria com a Autonomy, e a Campanha 4 Day Week UK juntamente com investigadores da Universidade de Cambridge, Universidade de Oxford e Boston College, o programa visa medir o impacto que o novo padrão de trabalho terá nos níveis de produtividade, igualdade de género, ambiente, bem como no bem-estar dos trabalhadores. No final de Novembro, as empresas podem decidir se querem ou não manter o novo horário.

Durante as últimas oito semanas, milhares de pessoas no Reino Unido testaram um horário de quatro dias – sem cortes no salário – o que poderá ajudar a iniciar uma nova era do trabalho. A experiência-piloto de seis meses envolve 3.300 trabalhadores em 70 empresas a trabalhar 80% da semana habitual, em troca da promessa de manter 100% da sua produtividade.

Para Lisa Gilbert, gestora de serviços de crédito do Charity Bank, um banco inglês de empréstimos éticos, a experiência está a ser «fenomenal». A gestora cuida do filho e de dois pais idosos e o dia extra de folga por semana significa que pode realizar as tarefas mais pequenas e dedicar mais tempo à família durante o fim-de-semana.

Já Samantha Losey, directora administrativa da Unity, uma agência de relações públicas em Londres, revelou à CNN que a primeira semana foi «genuinamente caótica», mas a sua equipa encontrou rapidamente formas de fazer a semana funcionar. Agora, as reuniões internas não podem ter mais de cinco minutos, as de clientes 30 minutos e introduziu um sistema de “semáforo” para evitar perturbações desnecessárias. Os colegas têm um semáforo na sua secretária, e colocam-no em “verde” se estiverem disponíveis para falar, “laranja” se estiverem ocupados, mas disponíveis para falar, e “vermelho” se não quiserem ser interrompidos. Uma das principais razões pelas quais decidiu inscrever a Unity no projecto-piloto foi para compensar o «nível extraordinário de esgotamento» que a sua equipa enfrentou durante a pandemia.

Gary Conroy, fundador e CEO da 5 Squirrels, um fabricante inglês de produtos de cuidado de pele, trouxe o conceito de “tempo de trabalho profundo” para assegurar que os seus colaboradores permanecem produtivos. Assim, durante duas horas todas as manhãs e duas horas todas as tardes, os funcionários ignoram e-mails, chamadas ou mensagens das equipas e concentram-se nos seus projectos. Segundo ele, as reuniões na empresa estão agora limitadas a 30 minutos e só são permitidas nas horas fora do “tempo de trabalho profundo” e os resultados excederam as expectativas. «[A equipa] começou a aperceber-se de que estava a desenvolver projectos que tinha sempre posto em segundo plano», disse Gary Conroy.

Mark Howland, director de Marketing e Comunicação do Charity Bank, disse à CNN que usa o seu dia de folga para melhorar a sua saúde e aptidão física e é pouco provável que o banco volte a ser como era antes: «A semana de trabalho de cinco dias é um conceito do século XX, que já não é adequado para o século XXI», concluiu.

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