Representação feminina nos conselhos de administração aumentou mas Portugal continua muito abaixo da média global e europeia
A representação feminina nos conselhos de administração portugueses cresceu significativamente, passando de 10% em 2013 para 34% em 2023. No entanto, a maior parte das mulheres ocupa cargos não-executivos (83%). A conclusão é do estudo “The State of Board Diversity: Portugal’s Journey (2013-2023) and Its Place in Europe in 2023”, da Odgers Berndtson Board Solutions.
O estudo, que faz uma análise abrangente sobre a evolução nos conselhos de administração das maiores empresas portuguesas nos últimos 10 anos, com comparações ao panorama europeu, mostra que a proporção de membros independentes aumentou de 29% para 35% em 2023, indicando uma melhoria na governação. No entanto, Portugal continua muito abaixo dos 50%, considerados uma boa prática a nível global, e ainda mais abaixo da média europeia, evidenciando a necessidade de avanços adicionais.
Houve também um aumento ligeiro no número médio de membros, de 11 em 2013 para 12 em 2023. Cerca de 30% das empresas ainda combinam os cargos de CEO e presidente do Conselho de Administração, um aumento ligeiro nos últimos 10 anos, o que contraria as melhores práticas de governança.
A idade média dos membros do conselho subiu de 56 para 58 anos, e houve uma diminuição de membros mais jovens (40-50 anos). Além disso, os mandatos continuam longos, com baixa renovação relativa dos membros. A presença de membros estrangeiros nos conselhos cresceu de 14% para 18%, com 94% ocupando cargos não-executivos. Houve também um aumento ligeiro no número médio de membros, de 11 em 2013 para 12 em 2023.
O estudo destaca que, apesar do progresso registado em áreas como a diversidade de género e a independência, Portugal continua a apresentar níveis abaixo da média europeia em vários indicadores de governança, como a separação entre os papéis de CEO e presidente, a diversidade de liderança e a representação internacional. O alinhamento com as melhores práticas globais será essencial para que as empresas portuguesas possam enfrentar os desafios da governança moderna e as expectativas dos investidores internacionais.
A análise deste estudo baseou-se em dados públicos de 30 das maiores empresas em Portugal, incluindo todas as empresas cotadas. Foram examinados relatórios anuais, declarações de governança corporativa e arquivos regulatórios de 2013 e 2023. No total, foram analisados 34 conselhos, dos quais 26 forneceram dados completos para ambos os anos.
O estudo foca-se assim em tendências de diversidade ao longo da última década, com uma análise detalhada das diferenças na composição de executivos e não-executivos, diversidade de género e nacionalidade, assim como mudanças no perfil etário e de mandatos.
Para os anos de 2013 e 2023, foram colectados dados de 370 e 364 conselheiros, respectivamente. Dos 370 membros do conselho analisados em 2013, 132 eram administradores executivos e 238 eram NED. Em comparação, em 2023, 122 eram administradores executivos e 242 eram NED.