São estas as quatro principais tendências gastronómicas para 2023
Os últimos anos têm sido marcados por mudanças sociais, económicas, geopolíticas e ambientais, que transformaram profundamente o comportamento humano. Neste sentido, o TheFork, em parceria com a NellyRodi, agência internacional especializada em previsões e consultoria estratégica, identifica as tendências que acredita que marcarão o ano de 2023 na indústria alimentar e da restauração.
Da recuperação das tradições à importância da digitalização, passando pela preocupação com a saúde e com o ambiente, a investigação enquadra estas tendências em quatro grandes pilares:
· Reconexão: a vontade de reintegrar o antigo know-how e de preservar costumes.
· Partilha: o foco nas histórias para além da comida; quem está por detrás das criações.
· Provocação: revolução nos pratos e modelos, fruto da radicalização dos movimentos.
· Performance: a cozinha enquanto ciência da saúde e experiência única.
Reconexão: aprender com o passado
As tradições e técnicas do passado estão de volta com o objectivo de resgatar o know-how dos nossos ancestrais e recuperar métodos culinários primários. Em 2023, prevalecerá a obsessão pela preservação, a aposta nos locais tradicionais e a celebração de culturas.
Obsessão pela preservação, cozinha com fogo: Alguns restaurantes resgatam as técnicas de cozinhar com fogo para oferecer aos seus clientes uma experiência diferente, baseada nas tradições mais primitivas.
· Cozinha indígena: Muitos restaurantes estão a retomar a glorificação das tradições alimentares indígenas.
· O regresso das bebidas destiladas: Depois da tendência dos vinhos naturais e da mixologia, os consumidores olham agora para as características das bebidas destiladas.
Aposta nos locais tradicionais
· Mesas caseiras e pousadas: São os novos locais de partilha, degustação, cultura e observação, onde se honram os pratos tradicionais e familiares. Os comensais interessam-se pelas quintas e hortas, onde podem descobrir as matérias-primas que vão depois degustar.
Celebração de culturas
· Tendências de avó: Sendo as mais conhecedoras de tradições e know-how, as avós tornam-se as melhores guias e estão em destaque em livros e até contas de redes sociais.
· Cozinha solidária: A restauração envolveu-se com as novas comunidades migrantes para compreender e destacar a sua cultura.
Partilha: à volta da mesa
Após cerca de dois anos de distanciamento social imposto, as pessoas estão mais dispostas a retomar o contacto humano, a descobrir e a experimentar, através de cozinhas descomplexadas, narrativas agrícolas e partilhas enriquecedoras.
Cozinhas descomplexadas
· Chefs com histórias: Os chefs estão a afastar os complexos associados à alta gastronomia e a transformá-la numa experiência divertida. Já os consumidores procuram um storytelling; querem saber quem são as pessoas por detrás do prato.
· Os restaurantes também podem desempenhar o seu papel ao tentar criar atmosferas e espaços para as pessoas se encontrarem e conversarem.
Narrativas agrícolas
· Interesse pelos produtores: Do chão para o prato, as pessoas querem saber de onde vêm os alimentos que comem. Os produtores dividem o palco com os chefs e o turismo rural cresce, revelando a complexidade da agricultura e da vida de quem a alimenta.
Partilhas enriquecedoras
· Cozinha para educar: Os comensais já não esperam apenas que os chefs lhes sirvam pratos sustentáveis e éticos; querem compreendê-los, saber por que têm tanta qualidade. É por isso que o papel dos chefs e dos produtores será transmitir os seus conhecimentos.
Provocação: novos códigos
A aceleração do boom digital tem sido uma das principais consequências da pandemia. Os consumidores querem ter tudo no imediato e estar sempre conectados. TikTok, Food & Art e Web 3.0 são algumas das tendências que irão brilhar em 2023.
Desejos vorazes
· Tik Tok: A indústria alimentar está a dominar as redes sociais. 5 em cada 10 millennials pediram comida ou visitaram um restaurante depois de o terem visto no TikTok, 38% das pessoas viaja longas distâncias para experimentar comida recomendada pela app, e 28% gasta metade do seu salário a experimentar novas comidas. Estamos também perante uma nova forma de consumo, em que as pessoas anseiam ter o que estão a ver.
Pensamento estético
· Table set: A forma como uma mesa é posta, que pratos são utilizados, como os alimentos são apresentados; tudo isto pode dizer muito sobre uma marca ou restaurante, sobretudo quando a comida é hoje mais partilhada do que nunca nas redes sociais.
· Comida e moda: A moda também aproveita a oportunidade para brilhar graças a parcerias gastronómicas como Dior & Jean Imbert ou Gucci Osteria & Massimo Bottura.
Percepção aberta
· Arte e comida: A introdução de restaurantes em galerias e de exposições em restaurantes acelerou durante a pandemia, por necessidade económica e para mostrar que, tal como a arte, a comida transcende a linguagem para conectar as pessoas.
Performance: a evolução da cozinha
Mais conscientes do que nunca para as consequências das alterações climáticas, as pessoas procuram soluções eficazes para a sua saúde e para o meio ambiente: a comida não é só comida, é preciso saber a origem dos ingredientes.
A saúde em primeiro
· Foco no metabolismo: Com a evolução da ciência e da tecnologia, podemos agora saber em maior detalhe o que é bom ou mau para o nosso organismo.
· Dietas superiores: Para além dos medicamentos naturais e da naturopatia, muitas pessoas já se baseiam em experiências e estudos científicos, mergulhando profundamente em novas dietas e/ou análises para estarem em plena forma.
Salvar o ambiente
· Novas utilizações: Novas formas de usar ingredientes e novas fermentações, novas tecnologias e novas soluções são encontradas todos os dias para reduzir o impacto ambiental da indústria alimentar.
· Inovação: Alguns cientistas e investigadores já estão à procura de soluções para produzir alimentos e para criar alternativas, uma vez que não haverá mais terras cultiváveis.
Direcção oposta
· Estética real: No Instagram está a emergir uma nova tendência de partilha diária ‘em bruto’. A revista Another chamou ao movimento “comida lo-fi”, que se centra em “apresentação mínima e grande sabor”, trazendo assim uma grande dose de realismo.
· Refeições radicais: Cresce a procura por lugares ‘fora da caixa’ para comer.